quinta-feira, 25 de setembro de 2014

O Tantra Sagrado

Oi gente,
O post de hoje é sobre o Tantra.
Vale lembrar que só posto coisas na qual eu acredito!
Beijos Namastê
Tantra é um termo amplo, pelo qual antigos estudantes de espiritualidade na Índia designavam um tipo muito especial de ensinamentos e práticas que tiveram base em uma antiga sociedade. Com o passar do tempo, estes ensinamentos propagaram-se, misturando-se com diversas outras culturas e correntes filosóficas e religiosas como o Hinduísmo, o Vedanta, o Yoga, o Budismo, o Taoísmo, entre outras.
O Tantra hoje abrange uma variedade e uma diversidade muito ampla de crenças e práticas, quase sempre antagônicas entre si e cheias de contradição.
O caminho de auto-realização do Tantra é sensorial e prático. Seu desenvolvimento acontece através da propriocepção, isto é, pela percepção de si mesmo, de seu corpo, mente, emoções e espírito, de sua energia, através do reconhecimento e expansão da sensibilidade e consciência e não pela compreensão das palavras ou pelo entendimento intelectual.
O Tantra nos possibilita um entendimento experiencial, através do qual alcançamos uma compreensão maior, mais abrangente e mais significativa do que o entendimento usual proveniente das palavras e do raciocínio lógico.
O Tantra lida com o hemisfério direito do cérebro, com a experiência não-verbal, com aspectos sensoriais que interferem diretamente na esfera do comportamento humano. A linguagem do Tantra é, portanto, experimental, vivencial e integrativa.
Não há textos oficiais sobre o Tantra. Tudo o que existe escrito é oficioso, uma mente tentando explicar a sua visão, o seu entendimento… Algumas pessoas são bem intencionadas sobre isso, são sinceras, mas essas tentativas sempre resultam em dificuldades.
Um erro comum é acreditar que porque algo aconteceu comigo de uma determinada maneira, irá ocorrer também com outros. A via de desenvolvimento no Tantra é individual, cada um vai percorrer o seu próprio campo de experiências. Compartilhar a sua vivência será uma tarefa muito difícil e muitas vezes impossível. Não dá para expressar as coisas que acontecem no seu universo direito cerebral. Trata-se de um universo inefável.
As experiências com o Tantra deram origem a inúmeras filosofias. O resultado é que as pessoas foram para a cabeça e deixaram de lado a experiência. Criam-se práticas austeras com base no intelecto, no "entendimento" da mente. O mundo está cheio de "grandes filosofias", "grandes filósofos", mas quem consegue se ajustar? Quem consegue seguir os conselhos e as experiências dos outros?
No Tantra, você será convidado a se desvencilhar de suas crenças, de suas filosofias. Fique aberto, seja livre para se expandir e não traga o seu conhecimento, de forma que a sua expansão se limite apenas à sua experiência.
O que você vai viver no Tantra é algo seu algo que pertence apenas a você e nada mais. Fique com isso, pois, em geral, temos vontade de compartilhar essas “verdades” com outras pessoas, na esperança de que elas também possam senti-las, vivê-las, da forma como as vivemos...
Cada um irá alcançar aquilo que o seu destemor lhe permitir. A sua coragem de ir fundo dentro de si mesmo é que irá conduzi-lo... Vá, olhe, veja e sinta por si mesmo, seja a testemunha... E resista à irresistível vontade de transformar a sua experiência em uma nova filosofia…
O Tantra possibilita que o homem alcance o mais profundo e significativo sentimento de religiosidade que esteja totalmente impregnado de espiritualidade. Esse Caminho Espiritual não é uma religião, não possui dogmas, sistemas, preces, orações, rituais, símbolos, invocações, crenças, etc...
O Tantra Original não está ligado ao Budismo, ao Hinduísmo, ao Taoísmo ou ao Jainismo, embora algumas correntes ligadas a essas religiões tenham se utilizado, muito contraditoriamente, de seus fundamentos.
Essas vertentes espirituais se auto-denominaram “tântricas”, mas alteram e deturpam muitos dos preceitos contidos no Tantra Original, incorporando ideologias e posturas que, na essência, desmontam todos os seus objetivos, distorcendo-o completamente.
A relação entre Tantra e Maithuna é frequentemente deturpada por praticantes e adeptos, com uma finalidade meramente sexual. Muitos falam em Sexo Sagrado, considerando posturas ritualísticas e dogmáticas; muitos acreditam que o Tantra refere-se à contenção ejaculatória, conforme o pensamento Taoísta.
O Tantra, em sua originalidade, não prevê nenhum tipo de contenção ou controle, nem mesmo ejaculatório, pois nenhuma forma de controle pode ser considerada boa.
O potencial presente no Tantra permite ao indivíduo reconectar-se com o seu aspecto sagrado e muitos "poderes" ocultos em seu interior. O Tantra é um profundo estado de relaxamento e confiança.
A maioria das pessoas acredita que "precisa ser alguém", precisa "estudar para aprender", precisa do "conhecimento" para obter resultados, precisa desenvolver habilidades para ser o "melhor", precisa ter "um bom emprego", precisa casar e ter filhos, pois só assim será "um homem", será "alguém", precisa "ser forte", precisa viajar e "falar outras línguas", etc...
Todas essas "necessidades" tiram o foco do principal, do que é mais importante, que é ser você mesmo, encontrar a sua graciosidade, a sua beleza, a sua originalidade.
É simplesmente inacreditável que você já saiba de algo, sem sabê-lo, que já conheça, mesmo sem uma formação acadêmica, sem uma posição social que lhe dê status e prestígio. Mesmo assim, você é admirado, é reconhecido com um monge, um rei, um amante.
Toda a nossa vida se perde no esforço constante para ser isso, ser aquilo, alcançar esse ou aquele resultado, tentando construir uma imagem que nem bem sabemos o que é ou para que serve...
O Tantra diz que você já é! Que há um poder dentro de você mesmo que o irá formar adequadamente e que isso pode ser feito de uma outra forma, de uma outra maneira, não com o seu cérebro esquerdo, o cérebro dos conhecimentos emprestados, do falso saber.
O Reino de Deus está dentro de nós, pede e receberás, procura e acharás, bate e a porta se abrirá. Essas palavras vieram do Tantra e dizem respeito à conexão interna que possuímos com forças criativas de grande e maravilhoso poder.
Você já se imaginou em contato com o seu potencial divino e transformador?
O contato com o seu potencial criativo irá  transformar a sua vida, ressignificando todas as suas crenças e valores a respeito do que seja a verdadeira religião. Ela não está em livros, não existem escrituras sagradas que descrevam a grandeza desse amor e dessa união entre criador e criaturas.
Sim, eu acho que o Tantra pode ser considerado a verdadeira religião, o seu estado natural, a manifestação das forças criativas; Deus, como alguns preferem chamar...
Eu prefiro chamar de outro nome: O Alento... Sua simplicidade se iguala a grandeza e seu amor se espalha ao infinito, como a luz ou como a escuridão, apoiando-nos em cada fração do viver.
Convidamos você a conhecer o manancial transformador que existe em seu interior. Toda a sua tristeza, toda a sua depressão, toda a sua angústia acontecem por você ter se distanciado desse potencial de amor, dessa fonte de generosidade e apoio que existe dentro do seu coração.
O contato com o Tantra possibilita uma espécie de sabedoria que não é o saber racional e lógico usual, da forma como o conhecemos. Santo Agostinho dizia:
"Se ninguém pergunta o que é Deus, eu sei; mas se me pergunta, eu já não sei."
O Tantra não se utiliza da linguagem falada, mas do silêncio, do inaudível, do perceptível. O indivíduo é conduzido a viver plenamente, com totalidade, a sua sensibilidade e a sua intuição, de forma integrada, sem buscar como rota de fuga a tagarelice mental, a verborragia, as conjecturas e elucubrações mentais, características do debate científico.
O Tantra é reconhecido por muitos como uma ciência comportamental, mas suas bases são completamente diferentes da ciência oficial. A subjetividade do Tantra não se motiva em buscar as leis que regem o universo material, nem mesmo entendê-las. Os modelos cartesianos nos permitem pesar, medir, avaliar, rotular e equacionar, enquanto o Tantra se interessa por viver, por gozar, por transcender, por ser feliz.
Como o Tantra poderia ser uma ciência? Seus fundamentos são sensoriais e não podem ser expressos por palavras, pois contêm muitos significados simbólicos. Quem o experimenta sabe, mas se tiver que explicar, aí não saberá mais.
O paradoxal é que quem experimenta o Tantra, consegue alcançar um saber, por mais simples que a pessoa seja, encontra uma sabedoria de palavras, de expressões, de contentamento contagiante.
O Tantra é a nova ciência, o novo saber, uma nova forma de observar, cujos resultados trazem uma mudança significativa dos paradigmas pessoais.
O contato com o Tantra é profundamente transformador, de uma forma como a humanidade jamais conheceu.
Tantra é sensibilidade consciente e novos caminhos cognitivos.
Muitas vertentes filosóficas se apropriaram das fundamentações do Tantra Original, associando-as com práticas e conceitos peculiares às suas tradições, subvertendo e corrompendo os seus fundamentos. O Yoga foi uma delas.
O Vedanta e o Yoga se utilizaram de muitos fundamentos do Tantra, criando muitas contradições. Por exemplo, se a visão tântrica vai além da dualidade, ultrapassando os princípios do bem e do mal, do certo e do errado, do ontem, do hoje e do amanhã, como pode haver karma e dharma? Se a vida acontece no aqui e agora, na forma como estamos atrelados a este estado de percepção e consciência, como podemos falar em consequências para o amanhã? O que é o futuro? Um campo de ajustes e reajustes, onde o imperativo de uma lei inexorável obriga que "quem feriu com o ferro", também seja ferido por ele? O que podemos esperar para as próximas vidas? Como alguém pode afirmar algo sobre as vidas que ainda irão acontecer?
Essa visão dualista e contraditória faz parte das crenças védicas das quais o Yoga descende. O Tantra surgiu há 5 mil anos, em uma região onde a Índia e o Paquistão ainda iriam se desenvolver. É correto afirmar então que o Tantra é proveniente da Índia? O que a Índia produziu de resultados espirituais relevantes? Misérias, diferenças sociais, desvalorização de mulheres e crianças, que valem menos do que os animais... É a visão patriarcal que prevalece numa sociedade machista e imperialista.
Ao contrário do Yoga, o Tantra trata basicamente de relaxamento, aceitação e entrega, não tendo nenhuma relação com controle ou poder, seja através da mente ou do corpo físico. As tentativas de mobilizar a subida da Kundalini, por meio da língua no palato e da contração do esfíncter anal, são tentativas muito fracas, se comparadas à movimentação energética das meditações tântricas.
Mas o Tantra não é contra o Yoga, absolutamente. O Tantra adora utilizar as coisas boas da vida - e o Yoga é uma delas. É altamente recomendável e saudável a associação dos ássanas e pranayamas com as práticas meditativas do Tantra. Mas existem muitas outras coisas boas também, como o Tai Chi Chuan, o Lian Gong, a alimentação adequada, a ingestão de água, bons pensamentos, palavras e ações, boas amizades - sinceras e verdadeiras. Existem ainda a música, a dança, os processos criativos e outras formas de construção artística, exercícios, meditações ou simplesmente o nada fazer a não ser observar a natureza em todo o seu esplendor...
O tantra é inclusão, inserção, na qual todo o conteúdo inserido faz bem ao indivíduo e ao seu grupo coletivo. Se essa integração propiciar o amor e a união entre todas as criaturas, sem discriminação, criando solidariedade e respeito, amizade e convivência pacífica entre todos, aí sim, os objetivos do Tantra estarão alcançados. Objetivos que estarão estabelecidos em uma sociedade integrada, feliz, saudável, alegre e amiga, que compartilha as incontáveis bênçãos da vida.
O Caminho do Tantra é O Caminho do Amor e O Caminho da União também.
Fonte de Estudos: Centro Metamorfose


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