sexta-feira, 31 de março de 2017

quarta-feira, 29 de março de 2017

ESTUDO: VIVENDO A ÉTICA DO YOGA - Yama e Niyama


Este é um assunto importante e delicado, que sempre se menosprezou. Ao que parece, os yogis do século XXI estão tão ocupados nos seus misteres, que esqueceram ou passaram a considerar desnecessário deter-se em detalhes aparentemente insignificantes como não mentir ou cultivar o contentamento. 

Se você não tiver tempo ou disposição para agir conforme a ética do Yoga, tampouco terá tempo nem atitude para praticá-lo. Por outro lado, é desconfortável falar sobre estes assuntos, porque ninguém gosta de reconhecer-se como mentiroso ou ladrão, para dar os exemplos mais desagradáveis. Ao invés de ver quem vai atirar a primeira pedra, lembremos que yama e niyama são os dois primeiros passos da caminhada, condição indispensável para que a prática dê resultados concretos.

YAMA significa controle ou domínio. É o pontapé inicial.
Os yamas são as cinco proscrições:
1-      não usar nenhum tipo de violência (ahimsá);
2-     falar a verdade (satya);
3-     não roubar (asteya);
4-    não desvirtuar a sexualidade (brahmacharya);
5-     e não se apegar (aparigraha)
Esses refreamentos pretendem purificar o yogin, aniquilar a subjetividade advinda do egocentrismo e prepará-lo para os estágios seguintes.
Desempenham o controle dos impulsos naturais, que se manifestam através dos cinco órgãos de ação (karmendriyas): braços, pernas, boca, órgãos sexuais e excretores.

NIYAMA, as prescrições psicofísicas, compreendem cinco disciplinas:
1-      shauchan a purificação;
2-     santosha o contentamento;
3-     tapas austeridade ou o esforço sobre si próprio;
4-      swádhyáya o estudo das escrituras do Yoga e de si próprio;
5-     Íshvara pranidhána a consagração a Íshvara, o arquétipo do yogi perfeito
Essas atitudes cumprem a função de domínio sobre os cinco órgãos da percepção (jñánendriyas): olhos, ouvidos, nariz, língua e pele. Esse controle dos sentidos aponta à organização da vida pessoal do praticante.

Ahimsá, a não-violência, entende-se como não matar, não agredir, nem causar nenhum tipo de dor a nenhum ser vivo. Os outros quatro yamas são corolários, conseqüências naturais da não-violência. Vyasa, comentando o sútra II:30 de Patañjali, diz:
Ahimsá é abster-se de ferir qualquer ser, a qualquer momento e de qualquer maneira. A verdade e as outras formas de refreamento e observâncias se baseiam no espírito da não-violência.

Satya, a verdade, consiste em fazer coincidir pensamentos, palavras e atos, o que deve entender-se como evitar a falsidade em todas suas formas, tanto nas relações do yogin com as pessoas quanto dele consigo próprio.
Satya é procurar sempre a verdade, independentemente de aonde essa busca possa nos levar. Entretanto, Vyása esclarece:
A palavra pronunciada com o propósito de comunicar o próprio pensamento a outrem é verdadeira, desde que não engane ou confunda. A palavra deve pronunciar-se não para ferir, mas para beneficiar. Porque, se ferir, não produzirá harmonia, apenas sofrimento.

Ou seja: a verdade, por mais verdadeira que seja, não dói.

Asteya 
significa não roubar, não cobiçar ou invejar bens ou conquistas de outrem. Não é apenas não roubar, mas eliminar totalmente o impulso de apoderar-se de objetos (ou idéias) alheios. Vyása ensina:
Steya significa pegar ilegalmente coisas pertencentes a outrem. Asteya é abstenção dessas tendências, mesmo que em pensamento.

Brahmacharya, o não desvirtuamento da sexualidade, pode interpretar-se tanto como total e absoluta abstinência sexual quanto não dissipação da energia através do orgasmo. Em ambos os casos pretende-se, embora por meios diferentes, refrear a força geradora, a fim de entesourá-la para a evolução no sádhana.
Emprega-se hoje a palavra brahmacharya com o significado de casto, mas a castidade é uma noção ambígua. Nenhum homem é casto, já que de uma maneira ou de outra emite periodicamente seu sêmen, nem que seja dormindo. O que é proibido ao brahmacharin não são as práticas sexuais, são os vínculos e particularmente os atos reprodutores, que, por suas consequências, o ligam à sociedade, privando-o da sua liberdade. O brahmacharin não deve ter relacionamentos que impliquem riscos de concepção. Deve ser, de qualquer modo, econômico com seu sêmen, consagrando-se ao estudo. Alain Daniélou, Shiva e Dionisos, p. 98.

Aparigraha, a não possessividade, traduz-se em generosidade e desapego em relação não apenas aos bens materiais, mas também às relações afetivas. O apego nos tira da sintonia necessária para praticar. Vyása esclarece:

Aparigraha significa desistir de cobiçar, considerando que a cobiça e o acúmulo causam problemas, que as coisas estão sujeitas à decadência e que a associação com elas causa desconfiança e rancor. 

Shauchan é a purificação. A purificação externa inclui alimentação vegetariana, exercícios de purificação orgânica (como a lavagem das vias respiratórias e dos aparelhos digestivo e excretor), e manter limpo o ambiente em que se vive. Um organismo poluído por hábitos impróprios como o uso de drogas ou alimentação intoxicante gera comportamentos e condicionamentos contraproducentes para a prática do Yoga. A purificação interna inclui a eliminação das impurezas do pensamento. As técnicas mais refinadas de purificação são tattwa shuddhi e chitta shuddhi (antar mouna).

Santosha, o contentamento, consiste em cultivar um estado interior de permanente alegria, independentemente das circunstâncias externas, o que facilitará muito o progresso na prática. Lembre que o melhor surfista não é o que surfa a maior onda: é o que tem o maior sorriso nos lábios. O melhor yogi não é o que faz o exercício mais complicado: é aquele que sabe viver melhor sua vida (o que está estreitamente vinculado com o tamanho do sorriso).

Tapas é calor, ascese, determinação, força de vontade concentrada, austeridade, esforço sobre si próprio: "produz a destruição das impurezas, o que conduz ao aperfeiçoamento da sensibilidade corporal". O objetivo desse esforço sobre si próprio é atingir um estado de purificação que permita ao indivíduo tomar posse do seu corpo, indo além dos limites impostos pela percepção limitada da realidade. "Uma linguagem que não fira, verídica, amigável e benéfica, o estudo regular das escrituras, tal é o tapas da palavra. A serenidade e clareza de espírito, a doçura, o silêncio, o autodomínio, a total purificação do caráter, tal é o tapas consciente."

Swádhyáya é o estudo da metafísica do Yoga e de si próprio; abrange não apenas o autoconhecimento através da reflexão sobre a sabedoria das escrituras (shastras), mas também a aplicação prática desse conhecimento. O swádhyáya alarga os horizontes do intelecto, enriquece e estimula a prática. O japa, a repetição de um mantra com fins de meditação, também pode considerar-se swádhyáya. Diz o Vishnu Purána, VI:6.2:

Do estudo deve-se passar ao Yoga.
Do Yoga deve-se passar ao estudo.
Pela perfeição no estudo e no Yoga, a Consciência Suprema se manifesta.
O estudo é um olho com o qual o Ser se percebe.
O Yoga é o outro.

Íshvara pranidhána, é a consagração a Íshvara (Senhor), entendido como o arquétipo do yogi, o modelo ideal a ser seguido pelo praticante. Íshvara pranidhána também significa entregar as ações e seus frutos a uma vontade superior à própria. Pode entender-se como auto-aceitação no momento presente ou ainda como serviço à Humanidade. A melhor definição de Íshvara pranidhána está na Bhagavad Gítá:

Bhavitam bhavati eva.
"Aquilo que tiver que ser, será".
Esse mesmo shástra ainda afirma que "o seu dever é agir, sem procurar recompensas pelo que você faz".
Íshvara pranidhána pode também incluir práticas que tenham como resultado o controle dos órgãos dos sentidos. Por exemplo, a prática de ásanas pode ser usada para controlar as mãos e os pés, o que vai facilitar a permanência nas posições sentadas.

Poucos livros ou escolas de Yoga hoje em dia, e ainda menos no Ocidente, dedicam-se a ensinar os yamas e niyamas. Uma pequena reflexão sobre eles revela sua importância na manutenção da "ecologia" social e individual. Através da prática destes preceitos se estabelece uma convivência pacífica, harmoniosa e feliz na sociedade. É por essa razão que Patañjali os chama sárvabhauma, supremos ou universais, pois eles valem para todas as pessoas e em todas as circunstâncias.

Se diz que o Yoga torna o indivíduo egoísta e apolítico. Mas, o que verdadeiramente acontece, é que o Yoga desprograma os condicionamentos resultantes das ideologias, as tradições ou os valores impostos pela sociedade. Ensina o indivíduo a ser ele mesmo e dá uma liberdade que está além dos preconceitos e formas de comportamento estabelecidas pela sociedade. Paradoxalmente, desenvolve ao mesmo tempo uma consciência de solidariedade com a sociedade em que o indivíduo percebe o planeta e a raça humana como uma unidade. É uma verdadeira revolução interior.

Cada parte do Yoga tem um propósito definido. Esses dois primeiros passos não são específicos dele, mas configuram uma base de purificação mental, psíquica e física que resultará indispensável nas etapas posteriores. O Yoga não é moral nem moralizante: estas prescrições possuem uma função meramente utilitária e, embora possam funcionar como códigos para facilitar a convivência social, somente se praticam em função do objetivo final.
Os conceitos do Bem e do Mal não determinam a conduta do yogin; a única causa do seu comportamento é o titânico esforço sobre si próprio necessário para viver os yamas e niyamas, e o resultado desse esforço, a libertação que consegue pelo samádhi.

A primeira palavra que aparece no Yoga Sútra é atha, que significa agora. Agora, a seguir, depois que algo já foi ensinado. Isso, porque o Yoga não é para iniciantes. Por isso que existem os yamas e niyamas. Você não conseguiria, e praticamente ninguém, seguí-los à risca. Mas mesmo assim pode usar o Yoga. Porque está escrito nas Upanishads:

Yata Brahmande tata pindade.
"Assim como é no Universo, assim é também no ser".
Essa última afirmação pode parecer misteriosa. Mas, como colocar realmente os yamas e niyamas em prática? Talvez você possa concordar comigo em que discorrer sobre a ética é teoricamente muito interessante, mas impossível de aplicar-se na prática por seres humanos normais, porque os yamas e niyamas são para santos, mas o Yoga é para gente como nós.
DICA:  Na verdade, você não precisa seguir todos os yamas e niyamas ao mesmo tempo. Escolha apenas um, e mantenha-o a qualquer preço. Os outros virão sozinhos.

Pessoalmente, escolhi satya, a verdade. Nós mentimos o tempo todo, sem perceber, gratuitamente. Mentimos para a nossa família, para os nossos amigos, para as pessoas com quem nos relacionamos no dia-a-dia e, principalmente, para nós mesmos. E, quanto mais se mente, mais se reforça o vritti e o hábito de mentir, o que é um obstáculo intransponível se se quiser realmente avançar na prática.

O filósofo austríaco Ludwig Wittgenstein disse que "quem sabe demais acha difícil não ter que mentir". Em certas circunstâncias, ele tem razão: às vezes, a responsabilidade de lidar com a verdade pesa bastante. Mas isso não significa que você passará a usar a "verdade" para agredir os outros "por seu próprio bem". Porque a verdade pura, aquela que vêm do coração, não machuca nem dói. Vou lhe contar a história do ladrão e o rei.
 
A história do ladrão e o rei

Uma vez, um ladrão quis aprender Yoga. Foi visitar um mestre e disse-lhe que queria praticar, mas que era ladrão, bêbado e mentiroso. O mestre falou dos yamas e niyamas, e disse que, para começar, deveria escolher um yama ou um niyama e ater-se a ele. O ladrão pensou: "minha profissão é roubar. É o que sustenta a minha família, portanto, fora de questão seguir asteya. A bebida é a minha única fonte de prazer, e tampouco vou largá-la. Ou seja, que nem shauchan nem tapas. Mas, deixar de mentir não vai me custar tanto. Vou seguir satya." E assim foi que ele decidiu falar somente a verdade.

Uma noite, o nosso ladrão foi roubar o palácio real. Eis que o rei estava passeando pelo jardim após um dia entediante, buscando algo que lhe tirasse o vazio existencial. Os dois se encontraram e o rei pergunta: "quem é você?". O ladrão disse a verdade: "sou um ladrão e vim roubar o tesouro real."

O rei viu ali a possibilidade de viver a emoção e a aventura que estava procurando desde cedo, e então falou: "eu também sou um ladrão. E sei onde se guarda a chave da sala do tesouro. Façamos juntos o trabalho e dividamos o lucro". O ladrão concordou.

Os dois aventureiros entram no palácio, chegam na sala e dividem o tesouro. Porém, acham três enormes diamantes, que não podem ser divididos sem beneficiar um deles mais do que o outro. O ladrão, apelando para aquela generosidade que ocasionalmente conseguem ter os da sua profissão, diz: "fiquemos com um diamante cada, e deixemos o terceiro para o rei. Afinal, coitado, ele acabou de perder tudo." Ao separar-se no jardim, o rei pergunta ao ladrão onde ele mora, e fala da possibilidade de contatá-lo novamente para futuros "trabalhos". O ladrão fala a verdade.

No dia seguinte, o rei vislumbra a possibilidade de testar seu primeiro ministro. Chama-o e diz: "ontem à noite tive um sonho estranho. Sonhei que o tesouro fora roubado. Vá à sala conferir, pois um pressentimento está oprimindo meu coração."

O ministro entra na sala, vê o diamante que sobrou e pensa: "o nosso rei perdeu absolutamente tudo. Este único diamante não fará nenhuma diferença". Esconde a pedra preciosa sob a túnica e volta à sala do trono, dizendo que, efetivamente, o tesouro inteiro foi roubado. O rei manda prender o ladrão. Ao ser interrogado na frente do ministro, conta o acontecido: desde o encontro com o "colega" de profissão até o detalhe do diamante que eles deixaram na sala.

Desta forma, o rei descobre que o seu ministro não é de confiança, pois mente e rouba. Manda prendê-lo imediatamente. E, em seu lugar, nomeia primeiro ministro seu novo amigo, o ladrão. Este, dada a sua nova ocupação, deixou de roubar. E, como passou a ter outros prazeres, deixou igualmente de beber.

Ou seja, se você também escolher e seguir apenas um dos yamas e niyamas, os outros acontecerão sozinhos. Se quiser, tome essa escolha como um exercício temporário, digamos durante algumas horas, dias ou semanas, para observar a suas próprias reações. Se, por exemplo, você escolheu seguir a não-violência e sentiu dificuldades, ou não ficou conforme com o resultado, há ainda as outras possibilidades.

Depois que você conseguir a firme resolução de continuar com a sua decisão, verá que fica mais e mais fácil mantê-la, em qualquer circunstância. O convite está feito.
Mas lembre que isto deve ser tomado como puro sádhana no dia a dia, e que deve servir como objeto de observação de si próprio, a cada momento, para treinar e testar o seu nível de consciência e a sua atenção, e ver como você reage ao seu próprio karma. 

Ver Mais:

terça-feira, 28 de março de 2017

Superinteressante MEDITAÇÃO - IMPACTO PROFUNDO



Em 2007, cientistas norte-americanos iniciaram a mais ambiciosa pesquisa sobre meditação já feita. Eles colocaram anúncios em revistas budistas para recrutar voluntários dispostos a passar três meses num retiro espiritual intenso. Quem topou a parada foi enviado ao Centro Shambhala, situado no topo das montanhas do Estado do Colorado, EUA, num lugar feito para a contemplação. Quem os orientava era Alan Wallace, que viveu 14 anos como um monge budista tibetano. As técnicas de meditação ensinadas por Wallace focavam em três princípios: acalmar o corpo, organizar a mente e iluminar a consciência. Além disso, os participantes eram encorajados a cultivar valores como bondade, empatia, sensatez e compaixão.

As sessões de meditação nas montanhas coloradas duravam de cinco a dez horas por dia. Durante três dias corridos, os participantes faziam meditações focadas na respiração e sensações. Depois, mudavam a técnica para adquirir" consciência da consciência" , e assim por diante. As práticas só eram interrompidas para que os participantes pudessem ser entrevistados pelos pesquisadores e respondessem questionários diários, nos quais apontavam o tempo e o tipo de meditação, o humor, as sensações, os insights e os sonhos que tinham.

Durante o retiro, as cabeças quase totalmente raspadas dos budistas das mais variadas origens receberam centenas de eletrodos para avaliar as mudanças cerebrais.
Os cientistas da Universidade da Califórnia queriam responder a perguntas como: é verdade que a meditação aprimora também a capacidade da pessoa de lidar com emoções ruins? E que ela se torna mais resiliente a situações de stress e mais afável às relações com os outros? Essas mudanças persistem depois que os voluntários saem do retiro e voltam à agitada vida moderna?

A hipótese dos investigadores era a de que os três meses de treinamento iriam melhorar o desempenho cerebral em geral. As medidas foram tiradas no início, no meio e ao final do período do estudo. A maior parte dos testes media habilidades cognitivas. Mas os participantes fizeram também uma série de exames de sangue. Foram avaliados hormônios e biomarcadores associados ao sistema imune para entender afinal qual é a relação entre as mudanças neuronais, cognitivas e a biologia. Foi aí que o Projeto Samatha, como foi batizado, revelou algo inédito. A psicóloga Elissa Epel, psiquiatra da Universidade da Califórnia de São Francisco, descobriu que a meditação alterava os cromossomos, especificamente nos telômeros, estruturas formadas por fileiras repetitivas de proteínas e DNA.


Os telômeros funcionam como uma espécie de cronômetro regressivo do sistema imune. 

Cada vez que uma célula se divide, seus telômeros diminuem de tamanho ao mesmo tempo que uma enzima, chamada telomerase, reconstrói as estruturas. Quando os telômeros ficam muito pequenos, a célula perde sua capacidade de se multiplicar e morre. Pessoas com telôrneros curtos têm mais chances de ter um infarto, sofrer de diabetes, ser obeso, ter depressão e desenvolver doenças degenerativas como a artrite e a osteoporose. Em consequência, morrem mais cedo - até dez anos antes. Em 2009, os pesquisadores Elizabeth Blaék- burn, Jaék Szostak e Carol Greider, responsáveis por descobrir a relação entre os telômeros e o envelhecimento celular, ganharam. o Prêmio Nobel em Fisiologia.

DURANTE TRÊS MESES, MEDITADORES EXPERIENTES,
REUNIDOS NAS MONTANHAS DO COLORADO, EUA, TIVERAM
SEU CÉREBR'O E ORGANISMO AVALIADOS. OS RESULTADOS DO
EXPERIMENTO MOSTRAM QUE A PRÁTICA MILENAR PRESERVA
OS TELÔMEROS, ESTRUTURAS ASSOCIADAS À LONGEVIDADE

Ao final do retiro de três meses, Elissa Epel analisou os cromossomos dos participantes. Assim, descobriu que os meditadores estavam com a atividade da telomerase muito mais ativa na comparação com os voluntários que não me- ditaram. O resultado indicou que seus telômeros ficaram melhor protegidos no período. Em teoria, isso poderia diminuir ou reverter o envelhecimento celular.

O estudo foi o primeiro a sugerir que a meditação pode ter um papel-chave em prolongar nossos anos de vida na Terra. A prática rnilenar faz isso justamente porque nos ajuda a lidar com situações de ansiedade (leia mais nas págs. 26 e 27). A própria Elissa descobriu, em outro experimento, que o stress está associado a telôrneros mais curtos nos leucócitos e uma atividade menor da telomerase.

Os estudos de Elissa foram pioneiros. Mas, em 2013, Elizabeth Hoge, da Escola de Medicina de Harvard, trouxe mais uma evidência do impaéto da meditação sobre o DNA celular. Ela descobriu que quem praticava a meditação da compaixão tinha também telômeros mais longos em comparação com quem não meditava. Uma sessão intensa da prática em um único dia já seria capaz de mudar a forma como os nossos genes se expressam – ou seja, como produzem substâncias boas ou ruins para o organismo.








segunda-feira, 27 de março de 2017

PRIMEIRO MÓDULO DO CURSO DE FORMAÇÃO E APROFUNDAMENTO YOGA E MEDITAÇÃO




Oi gente!

Nesse final de semana participei do primeiro módulo do curso do Marco Schultz do Simplesmente Yoga e foi MARAVILHOSO!!!

Um ficha sensacional caiu pra mim, pude entender como o yôga atua em nossas vidas na forma da prática de asanas!

Bom, então cumprindo o propósito fundamental do Canal e Blog, segue o vídeo na qual relato essa minha experiência:




Um beijo no coração.

Namastê

sexta-feira, 24 de março de 2017

Entrevista com Marco Schultz por Maurício Curi

Oi gente!!!

Estou super, hiper mega feliz por que amanhã começo meu curso de aprofundamento e formação em yoga e meditação, advinha com quem???

E ontem, ele concedeu uma entrevista para Mauricio Curi que foi SENSACIONAL!!!

O Marco é tão demais que mesmo o vendo pela telinha, meus olhos marearam e senti profundamente o EU SOU em mim, afffffffff

Vocês não podem deixar de assistir!!!

Beijos no coração.

Namastê

PS: aguardem videozinho contando tudo sobre meu primeiro dia de curso!!!!




quinta-feira, 23 de março de 2017

3ª. E ÚLTIMA PARTE: OS VÉUS DA MENTE


Os véus da mente

Se não há uma diferença essencial entre a mente de um buddha e a nossa própria mente, por que um buddha tem tantas qualidades atribuídas a ele, e nós não?
A diferença é que em nossas mentes a natureza de buddha está obscurecida por todos os tipos de cobertura.
No nível impuro — isso é na ignorância — cada uma das três facetas da mente pura se torna um dos elementos que constituem a experiência dualista. Para começar, a ignorância sobre a abertura da mente conduz à uma concepção de um sujeito, de um “eu”, de um observador; e a ignorância sobre a claridade essencial conduz à ignorância dos objetos exteriores. É assim que surge a dicotomia sujeito-objeto, eu-outro.
Uma vez que os dois pólos da visão dualista tenham sido estabelecidos, vários relacionamentos se desenvolvem entre eles, que por sua vez motivam diferentes atividades. Os estágios deste processo são constituídos de quatro véus que mascaram a mente pura, a natureza de buddha.
 Eles são: 
1- o véu da ignorância,
2- o véu da tendência básica
3- o véu das aflições mentais 
4- o véu do karma
Eles são consecutivos e estão estruturados um após o outro.
O véu da ignorância

A ignorância sobre a verdadeira natureza da mente, isto é, o simples fato dela não reconhecer o que é realmente, é chamada de ignorância fundamental. É a inabilidade básica da mente condicionada perceber a si mesma. 
Podemos comparar a mente pura, que possui as três
qualidades essenciais, com as águas calmas e transparentes, nas quais  tudo pode ser visto claramente.
 O véu da ignorância é uma falta de inteligência, um tipo de estado nublado, assim como um vaso opaco faz a água perder sua claridade transparente. Tal mente obscurecida perde a experiência da abertura lúcida e se torna ignorante de sua natureza essencial.
Diz-se que a ignorância fundamental é inata, porque ela é inerente à nossa existência; nascemos com ela. 
De fato, ela é o ponto de partida da dualidade, a raiz de todas as ilusões e a fonte de todo sofrimento.
O véu da tendência básica

A mente controlada pela ignorância se engaja em todas as ilusões, entre as quais a mais básica, a raiz de todas as outras ilusões, é o apego dualista em termos de sujeito e objeto.
Quando a mente não conhece a extensão de sua abertura, ao invés de experienciar sem centro ou periferia, percebemos tudo através de um ponto central de referência. Este ponto, o centro que se apropria de todas as experiências, é o observador, o ego-sujeito. É deste modo que a mente, ignorante de sua abertura, produz a experiência delusória de um “eu”.
Ao mesmo tempo, quando a natureza da claridade vai sem ser reconhecida, experienciamos uma sensação de “outro” ao invés da qualidade autoconsciente da mente. Assim, o sujeito-ego distingue coisas que se tornam a qualidade autoconsciente. Assim o sujeito-ego distingue coisas que se tornam objetos externos. Surge a dicotomia do sujeito e do objeto, do “eu” e do outro. As “outras” coisas têm uma forma dual: as aparências do mundo externo e os fenômenos duais.
Esta tendência da mente ser ignorante de sua natureza, e de perceber todas as situações de modo dualista, é o véu da tendência básica. Desta perspectiva, este segundo véu pode ser chamado de véu do apego dualista.
O véu das paixões

Como vimos, a mente ignorante de sua abertura e de sua claridade fica imersa na dualidade. Então, a ignorância da sensitividade da mente dá surgimento a todos os relacionamentos que existem entre os dois pólos da dicotomia sujeito-objeto. No nível puro, a sensitividade é a imediação e a multiplicidade das qualidades iluminadas, mas na ignorância, estas qualidades são substituídas pelas infinitas possibilidades relacionais dualistas. Na ignorância, começamos tomando os objetos externos como sendo coisas reais. Então experienciamos atração aos objetos agradáveis, aversão aos objetos desagradáveis e indiferença aos objetos que parecem neutros
Se um objeto é agradável, queremos possuí-lo. Por outro lado, diante de objetos ou situações desagradáveis, temos uma atitude de rejeição ou fuga. Finalmente, não nos relacionamos com certos objetos ou situações por causa da indiferença ou estagnação mental.
Estes três tipos de relacionamentos — atração, aversão e indiferença— correspondem ao desejo, ao ódio e à ignorância.

Estes são os três venenos mentais primários, as três principais aflições mentais que animam e condicionam a mente habitual.

Na base destes três tipos de relacionamento, outras numerosas aflições mentais ou emocionais se multiplicam, notavelmente o orgulho, a ganância e a inveja.
O orgulho surge deste “eu” que nasce da ignorância; 
A ganância é uma extensão do apego desejoso;
Enquanto a inveja provém do ódio e da aversão.
Assim, os três venenos primários se ramificam em seis paixões: ódio, ganância, ignorância, apego desejoso, inveja e orgulho
Elas correspondem aos seis estados de consciência característicos dos seis reinos da existência. Depois, eles são subdivididos de novo e de novo, totalizando 84 mil tipos diferentes de paixões! 
Todos estes relacionamentos dualistas e afligidos compõem o véu das paixões.
O véu do karma

As várias paixões conduzem a uma grande variedade das ações dualistas, que podem ser — em termos de karma — positivos, negativos ou neutros.
 Elas condicionam a mente e a fazem nascer em um dos seis reinos da existência condicionada. Isto é o que chamamos de véu da atividade condicionada, ou véu do karma.
O Dharma: uma prática de desvelamento

Estes quatro véus que encobrem a mente fazem sermos seres comuns, lançados pelas ilusões nos seis reinos do samsara.
Não podemos ser livres desta condição, exceto eliminando os véus e desvelando a mente.
A prática do Dharma oferece numerosos métodos que permitem que estas impurezas caiam pouco a pouco, assim revelando a jóia da mente pura.
A natureza pura da mente pode ser comparada a uma bola de cristal e, os quatro véus, a quatro pedaços de pano que a encobrem e escondem mais e mais. 
De acordo com uma outra imagem, estes véus podem ser comparados às camadas de nuvens que encobrem o céu da mente. Do mesmo que as nuvens obscurecem o céu, os véus mascaram o espaço aberto, assim como a claridade de sua lucidez. A prática do Dharma, e primariamente a meditação, gradualmente removem estes diferentes véus, do mais grosseiro ao mais sutil.
Quando todos estes véus ou coberturas são removidos, há um desvelamento completo, um estado de purificação chamado de sang em tibetano. O desabrochamento de todos os aspectos do espaço e da luz, revelados por esta purificação, é descrito pelo termo gye. Estas duas sílabas, sang gye, que literalmente significam “pureza e desabrochamento perfeitos” ou “completamente puro e totalmente desabrochado”, juntas formam a palavra tibetana para buddha. O estado de buddha é a manifestação das qualidades inerentes à mente, uma vez que ela tenha sido purificada dos véus que a obscurecem.
O desvelamento, que revela as puras qualidades inerentes da mente, marca todo o progresso sobre o caminho da prática do Dharma.

Acesse nossas páginas no facebook: budismo engajado e budismo petrópolis


*Kalu Rinpoche (1905-1989). A foto do alto da página é do atual Kalu Rinpoche.