quinta-feira, 13 de agosto de 2015

AYAHUASCA e Vaidade: a senda do fio da navalha


Oi gente,

Hoje trago hoje um artigo bem bacana do Willian que fala sobre a responsabilidade de ser um padrinho.

Ele usou uma frase que gostei muito " a vaidade é algo muito sutil, que se disfarça de muitas formas", isso é a mais pura verdade porque às vezes, ela nos pega em pequenos atos sem mesmo a gente se dar conta e ninguém está livre de cair nessa armadilha, por isso sinceridade e humildade são pré-requisitos fundamentais.

Oferecer Ayahuasca para pessoas é algo muito sério e não é para qualquer um, além dos tramites legais é preciso ter saúde mental e realmente uma boa intenção para tal posição para assim poder ajudar de verdade as pessoas que o procuram, caso contrário, você correrá sérios riscos de "arrumar pra cabeça" o deixando ainda mais confuso do que era antes.

Não estamos buscando nenhuma "viagem", festa rave, curandeiro e muito menos algum "mestre iluminado", Ayahuasca é coisa séria!

Dessa maneira, recomendo ficar de olho em quem está oferecendo a bebida pra vocês.

O padrinho é a "peça chave" para um bom ritual.

Parabéns Willian pela sua sinceridade ao falar sobre o assunto.

Beijos no coração

Namastê





por Willian Tello 


Já faz um tempo que venho refletindo sobre a questão da vaidade nos trabalhos com ayahuasca. Desde que iniciei nesse caminho, fiquei maravilhado com o “poder” que a bebida sagrada é capaz de despertar no interior daquele que se abre para suas dádivas. O nível de reflexão e de liberação de emoções foi sem paralelos em minha vida.
Segui meus caminhos pela vida de forma tortuosa, mas, à medida que me aprofundava no caminho vermelho, mais e mais foi clareando o poder de decisão que estava à minha disposição o tempo todo. As mudanças foram uma consequência inevitável nesse caminho. Não demorou muito para que, em meu coração, surgisse a decisão de trabalhar e levar essa “bandeira” para frente. Assim, me ofereci a trabalhar com as pessoas que me ensinaram esse lindo caminho.
O grupo cresceu, amadureceu e ficou independente. Com meu olhar muito atento, observei os caminhos tomados, os erros e os acertos. Na época, ter a oportunidade de estar à frente de um instituto era trabalho árduo, era necessário pertencer a um grupo, fazer cursos, ser aprovado, tirar CNPJ, encontrar um local, ter apoio de outras pessoas e dinheiro para investir. Além disso, era necessária a reciclagem contínua dos cursos. Hoje percebo quanta energia foi dedicada para que essa bebida estivesse por aqui.
Já naquela época, havia um certo “hermetismo”, acesso à música e à bebida era algo complicado. Havia um certo protecionismo, uma ideia de que a pessoa tinha que merecer, ideia que perdura ainda nos dias de hoje.
Mas os tempos mudaram, a internet e o acesso aos materiais estão cada dia mais fáceis. O acesso à bebida hoje também é bem simples (para aqueles que não se preocupam tanto com a seriedade e respeito com qual ela é feita e distribuída). Basta uma pequena pesquisa para encontrar quem a vende na internet. Ser “padrinho” hoje é relativamente simples para aqueles que querem servir daime a outras pessoas.
Tenho refletido muito sobre essa posição, a de servir, a intenção por dentro dessa vontade, a responsabilidade e o falso prestígio que essa posição parece oferecer para aqueles que estão nessa posição. Estando nela, sei a ilusão que pode causar. A vaidade é algo muito sutil, que se disfarça de muitas formas. Como uma pequena bola de neve descendo montanha abaixo, quando não percebida, pode se transformar em um gigante interior que devasta e deturpa toda boa intenção inicial.
O caminho espiritual orientado pela ayahuasca é a senda do fio da navalha. A historiografia da bebida tem demonstrado isso. Não precisa ser muito crítico para perceber que a vaidade adentrou nas grandiosas obras dos irmãos que decidiram servi-la. Desde Irineu (com todo respeito ao Mestre) até os padrinhos que alcançaram visibilidade nacional e internacional, a vaidade se mostrou em suas obras.
É de conhecimento de todos que a bebida potencializa tudo no interior da pessoa, inclusive o ego e, se não houver maturidade e discernimento, nos tornamos vítimas e, ao invés de orientar as almas que por nós procuram para encontrar um caminho, acabamos desorientando.
Pequenos detalhes impressos em pequenas atitudes nos mostram que há um anseio de afirmar o “eu” nos trabalhos, o “meu”; deixar uma marca, servir um copo, ter posse da bebida, uma assinatura, uma música nova escondida, um trabalho não compartilhado, a assinatura em um texto (inclusive nesse), a necessidade de ter a imagem atrelada a algo parece ser aspecto mais importante que a mensagem a ser aprendida e ensinada.
Levou um tempo para eu perceber que os trabalhos não feitos por mim ou por quem me ajuda, mas que somos instrumentos de algo que ainda não conseguimos entender, apenas seguir a orientação. Desde que esse entendimento surgiu em minha mente, tenho me esforçado para realizar o trabalho e cumprir a missão que me propus, com a seriedade e respeito que me foram ensinados, mas com o desapego suficiente para não deixar a vaidade adentrar em meu templo interior.
E, na senda do fio da navalha, vamos caminhando, atentos para não cair no engano e na desilusão. Trago a reflexão pois é algo que quero aprender e ensinar.

About Willian Tello

Fundador e responsável pelo Instituto Espiritual Xamânico Flor de Lótus

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Gratidão a essa pergunta que não sai da minha cabeça.
(Ucem exercício 92)

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