Hoje trouxe um texto grande, mas que VALE MUITOOOOO A PENA LER!!!
Esse texto do Osho é maravilhoso, ele utiliza uns exemplos bem simples que nos faz entender perfeitamente o Despertar da Consciência.
Beijos no coração
Namastê
Eu estou tateando no escuro. Osho, você poderia tirar-me
disso?
"Eu não vejo escuridão em lugar algum. Você é que está
mantendo os olhos fechados. A escuridão não existe. É criação sua. O sol está
em todo lugar, a luz está em todo lugar, estamos em pleno meio-dia. Mas você
continua apertando os seus olhos, mantendo-os fechados. Daí a escuridão. Agora,
ninguém pode forçar os seus olhos a se abrirem. Existem algumas coisas que você
tem que fazer por si mesmo.
Se você quiser espirrar, você terá que espirrar, eu não
posso fazer isso por você. Se você quiser assoar o nariz, você que terá que
fazer isso, eu não posso fazer por você. Existem algumas coisas que você tem
que fazer por si mesmo. Esta é uma das coisas mais fundamentais da vida. Se não
fosse assim, mesmo em sua liberdade, você seria um escravo. Se eu tirá-lo da
sua escuridão, ou qualquer outra pessoa, aquela luz não será muito luminosa.
Você estará aprisionado naquela luz, você não veio de livre e espontânea
vontade, você não floresceu espontaneamente.
Existe uma bela história sobre um mestre Zen, Joshu:
Um discípulo de Joshu aproximou-se e deitou ao seu lado.
Joshu riu, levantou-se e disse ao discípulo: 'Certo!
Perfeitamente certo! Isso é o que eu estou fazendo com você também.'
Joshu tinha caído na neve e gritado, 'Ajude-me! Ajude-me!'
Mas não havia necessidade alguma. Se você caiu, você pode se levantar. A mesma
energia que fez você cair, consegue fazer você se levantar. A pessoa que não
consegue se levantar, não consegue nem mesmo cair. A mesma energia que o leva a
se perder, pode trazê-lo para casa. A pessoa que não consegue voltar para casa,
não consegue também se perder, porque é necessário energia.
A mesma energia que faz de você um pecador, pode fazê-lo um
santo. Na verdade, ser um pecador é mais complexo, mais difícil, mais
trabalhoso. Ser um santo não é complexo nem trabalhoso. E ser religioso
definitivamente não é trabalhoso. É a mesma energia! Você está mantendo os seus
olhos fechados, e despendendo muita energia para mantê-los fechados.
A mesma
energia que os está mantendo fechados, se relaxados, irá ajudá-los a se
abrirem.
O discípulo é um discípulo de verdade. Ele entendeu Joshu
perfeitamente bem. Ele sabe que ele criou uma situação, ele deitou-se
conscientemente. Talvez o discípulo estivesse passando e Joshu caiu - criou uma
situação - e gritou, 'Ajude-me! Ajude-me!' E o discípulo veio e deitou-se ao
seu lado. Ele não o ajudou, em absoluto. O que ele estava fazendo?
Ele não estava tentando ajudá-lo, de modo algum. Ele estava
simplesmente sendo compreensivo. Ele estava dizendo, 'O que pode ser feito? Ok,
eu sou seu discípulo, eu vou deitar ao seu lado. O que mais eu posso fazer?
Um mestre é compassivo com você, ele tem compaixão. O que
mais ele pode fazer? Um mestre verdadeiro não pode segurar suas mãos, porque
isso o manterá sempre dependente. Trazer você para fora à força, é o mesmo que
mantê-lo ainda dentro. Na hora em que o mestre soltar suas mãos, você voltará
para o seu velho mundo, para a sua velha mente. Aquilo ainda não estava
encerrado, ainda estava agarrado dentro de você.
Um mestre verdadeiro ajuda sem ajudar. A sua ajuda é muito indireta, ele nunca vem
imediatamente ajudá-lo. Ele vem de maneira muito sutil. Ele se aproxima de você
como uma brisa muito frágil, não como uma ventania selvagem. Ele se aproxima de
você como uma aura, invisível. Ele o ajuda certamente, mas nunca força você.
Ele o ajuda apenas até onde você está pronto para ir, nunca um passo a mais.
Ele nunca empurra você violentamente, porque qualquer coisa feita violentamente
será perdida, mais cedo ou mais tarde.
Aquilo que você não desenvolveu de livre e espontânea
vontade, você perderá. Você não pode desfrutar aquilo que não cresceu em seu
ser espontaneamente. Você desfruta o seu próprio crescimento. Eu posso até
mesmo dar-lhe a verdade, e você irá jogá-la fora, porque você não irá
reconhecê-la. Eu posso forçá-lo a acordar, mas você irá cair no sono no momento
em que eu me for, e você vai me xingar e ficar com raiva de mim, pois você
ainda estava curtindo os seus sonhos. Você estava curtinho sonhos doces e aí
chegou um homem e o acordou.
Algumas vezes observe a si mesmo. Você tem que pegar um trem
bem cedo, quatro ou cinco horas da manhã, e você pede alguém para acordá-lo às
quatro horas. Assim ele faz.
E você fica com raiva. Você não gosta da ideia,
mas essa ideia foi sua. Você sente como se ele fosse seu inimigo.
Ouvi contar a respeito de Emanuel Kant, um filósofo alemão,
que ele era muito preso a horários. Ele quase se movia como um ponteiro de
relógio, exatamente na hora, tudo, nem um minuto a mais, nem um minuto a menos.
Por toda a sua vida ele costumava acordar cedo, às cinco horas da manhã. Ele
tinha um criado. O criado tinha que arrastá-lo para fora da cama e às vezes até
mesmo bater nele. Ele tinha dado tal poder ao criado. Ele lhe disse: 'Ainda que
você tenha que me bater, bata. Vai ser uma boa luta para você, mas você tem que
me acordar. Não escute o que eu lhe disser de manhã cedo. Eu irei repreendê-lo,
gritarei com você e o ameaçarei dizendo que irei colocar fogo em você, mas não
se preocupe. Qualquer coisa que eu disser, vai ouvindo, mas me arraste para
fora da cama.
Ele tornou-se muito dependente desse criado, de tal modo que
o criado quase se tornou o patrão e o patrão tornou-se o criado. Algumas vezes
o criado o deixava. Daí, ele tentava encontrar outros criados, mas ninguém se
adaptava, pois como bater no seu patrão às cinco horas da manhã? Mesmo ele
dizendo, 'Bata-me!', o criado ficava com medo. E o velho criado tinha que ser
trazido de volta novamente.
Mas, como isso acontece? Você pode estar curtinho um sonho
bom e aconchegante. Está fazendo frio, mas debaixo do cobertor está quente e
aconchegante. Sim, você havia decidido antes que iria se levantar cedo, mas e
agora... ? Você quer virar para o lado e cair no sono de novo.
Ninguém pode ser acordado antes da sua hora, nem deve ser.
E não há qualquer problema. Simplesmente tente compreender
porque você mantém seus olhos fechados. Mais do que pedir-me para forçá-los a
se abrirem, tente compreender porque você os mantém fechados. Tente compreender
quais sonhos você ainda tem que sonhar. Você já não sonhou o bastante? Você, na
verdade, já não sonhou mais do que o suficiente? Por milhões de vidas você tem
sonhado. E você não alcançou nada com todos esses sonhos. Você permanece vazio,
oco. Ainda assim, você continua se enchendo com novos sonhos, com novos
desejos, com novas ambições. É bem possível que agora você esteja sonhando com
iluminação, por isso você fez essa pergunta.
Você sonhou muitos sonhos. Agora um novo sonho surgiu em sua
mente: tornar-se um buda, alcançar a iluminação. Isto é novamente um sonho. Se
você tivesse realmente terminado com todos os seus sonhos, então quem estaria
mantendo você dormindo? Abra seus olhos! Na verdade, nem mesmo haverá
necessidade de abrir os seus olhos.
Uma vez que você tenha compreendido que
você já sonhou todos os sonhos possíveis, os olhos se abrirão. Não haverá nem
mesmo a necessidade de abri-los porque ninguém estará lá para fechá-los.
Olhe para meu punho: se eu tiver que mantê-lo como um punho,
eu terei que mantê-lo fechado, cerrado. No momento em que eu parar de fechá-lo,
ele começará a se abrir espontaneamente. Estar aberto é natural, estar fechado
é antinatural. Para mantê-lo fechado você tem que colocar muita energia nele.
Para abrir, nenhuma energia é necessária.
Isso é uma coisa muito estranha: para permanecer miserável,
você precisa colocar muita energia nisso. Para permanecer alegre, você não
precisa de qualquer energia, de jeito algum. A felicidade é grátis, ela nada
custa. A miséria você precisa fazer por merecer. Se você quiser ser miserável,
muito esforço será necessário para permanecer miserável. É um estado muito
antinatural. Um punho cerrado é antinatural; uma mão aberta é natural. A mão
aberta não necessita energia, caso contrário você se sentiria cansado; ao final
do dia você estaria morto de cansado por ter ficado todo o dia com a mão
aberta. Daí, você dirá, 'Por todo o dia eu mantive minhas mãos abertas e agora
eu estou me sentindo muito cansado.' Qualquer dia, mantenha o seu punho fechado
por todo o tempo e ao final da tarde você se sentirá realmente cansado. O
natural é a mão aberta.
Um coração aberto é um fenômeno natural; um ser aberto é
simplesmente natural.
Um ser fechado é muito antinatural, muito artificial;
você tem que colocar toda a sua energia nisso. Essa é a minha observação em
milhares de pessoas: elas dão toda a sua energia para se manterem miseráveis.
Permanecer no inferno é um grande investimento.
Não é fácil, é muito difícil.
Você precisa ser muito forte para estar no inferno, muito teimoso, decidido.
(...) Você tem que ser duro como um diamante, somente então você pode
permanecer no inferno. Se não for assim... ninguém está impedindo o seu
caminho. Basta relaxar e você entra no céu, o relaxamento é a porta.
Você diz: Eu estou tateando no escuro. Relaxe. No momento em
que você relaxar, os seus olhos começarão a se abrir, assim como um botão abre
e se torna uma flor, assim como um punho que não mais se mantém cerrado começa
a se abrir e se torna uma mão aberta.
Eu não estou aqui para forçar isto. Eu estou aqui para
esclarecê-lo como isto acontece. Eu posso falar a respeito desse processo, eu
não posso fazê-lo para você. Compreendido, ele acontece. Eu não lhe prometo
coisa alguma. Eu só lhe prometo uma coisa: o que aconteceu comigo eu farei com
que fique óbvio para você. Daí, cabe a você seguir.
Buda disse: os budas só indicam o caminho, mas é você que
tem que ir, cabe a você seguir o caminho."
OSHO - Zen: the Path of Paradox - Vol. 3 - Cap. 2
tradução: Sw.Bodhi Champak
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