quarta-feira, 22 de junho de 2016

Uma História da Antiga China




Oi gente,

Hoje trago para vocês um trecho do livro "Depois do êxtase, lave a roupa suja" onde conta uma história da antiga China, trazendo várias reflexões bacanas que cabe bem nessa nossa jornada espiritual.

Vamos lá:


Na antiga China, vivia um viúvo com duas belas filhas. A filha mais velha morreu e ele ficou com a mais nova, Sen-jo, que era muito bonita e tinha muitos pretendentes.

Quando Sen-jo chegou à idade de casar, o pai escolheu um marido próspero para ela. Mas Sen-jo estava há muito tempo apaixonada por Ochu, que conhecia desde pequena. Certa vez, o pai de Sen-jo
havia dito de brincadeira que eles combinavam e deviam se casar quando crescessem. Mas eles levaram a brincadeira a sério e começaram a se amar profundamente.

Quando soube que estava prometida a outro, Sen-jo ficou tão perturbada que quase desmaiou. Achando que não conseguiria suportar aquela dor, Ochu resolveu fugir. À meia-noite, desamarrou
seu barquinho do cais da vila e começou a remar rio abaixo. Derepente, viu um vulto saindo dos arbustos e correndo pela margem era Sen-jo.

Correram um para o outro, Senjo entrou no barquinho e os dois seguiram para uma vila remota.
Casaram-se e viveram durante cinco anos nesse lugar, onde formaram uma plantação e criaram dois filhos. Mas Sen-jo se preocupava com o pai e se sentia ingrata por ter fugido. Seu passado não resolvido a assombrava, tingindo de aflição sua felicidade. Quando falou sobre isso com Ochu, ele disse que também sentia saudades de casa. Decidiram então voltar e pedir o perdão da família.

Alugaram um barco maior e, com as duas crianças, remaram rio acima e ancoraram no cais do vilarejo.

Ochu foi até a casa do pai de Sen-jo para pedir perdão, mas teve uma amarga surpresa. O velho não acreditou que a filha estava no barco. "Minha filha está deitada na cama, doente demais para conseguir falar, desde o dia em que você partiu.

Ochu ficou assombrado. "Ela está no barco, meu pai, com dois lindos netos.
Venha ver." Mas o pai não quis ir e mandou o servo. Quando o homem voltou dizendo que era verdade, ele ficou muito confuso, mas foi até o quarto da filha e contou-lhe a história.

No mesmo instante, a Sen-jo doente ficou cheia de energia e levantou-se da cama sem dizer palavra. Saiu da casa e correu pela estrada, seguida pelo pai. Quando encontrou a outra Sen-jo com as crianças, as duas se abraçaram e viraram uma só.

Mais tarde, a Sen-jo reunida disse que durante esse tempo todo, nas duas vidas, tinha se sentido como se vivesse num sonho.

O que nos ensina essa triste história de uma vida dividida?

Sen-jo teve que cortar fora uma parte de si mesma para continuar vivendo, e cada uma das metades sofreu à sua maneira. Mas há esperança: determinada a voltar, Sen-jo inspira a nossa volta.

Como ela, muitos descobrem que vivem parcialmente num mundo de sonhos, alheios a partes inteiras da vida, do corpo, do passado, mas nem sempre foi assim.

Há uma totalidade original: nascemos em unidade com a nossa mãe e com o nosso corpo. À medida que crescemos e nos tomamos um indivíduo na sociedade, vamos perdendo essa totalidade.

Enfrentando a falta de respeito e apoio que é típica de muitas famílias modernas, as opiniões e temores alheios, a inevitável fragmentação cultural, as frustrações e perdas que sofremos ao tentar fazer jus às expectativas da sociedade, nós nos alheamos de nosso corpo sagrado e de nossos mais profundos sentimentos.

Em geral, esse processo é invisível e inconsciente, acontece no escuro, como Sen-jo correndo para seguir o barco de Ochu à meia-noite. Sentimos o alheamento, mas não sabemos bem
o que está errado.

Essa é uma analogia ao que nós tanto buscamos.

Termino aqui essa conclusão propositalmente para estimular a reflexão de cada um de vocês.


Beijos no coração


Namastê

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