sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Viver o momento presente por Juliana Kurokawa

Oi gente,

Hoje tem vídeo da Jú!!!!!!!

Ela traz uma reflexão MUITO BACANA sobre "viver o presente" e cita como isso acontece num ritual com Ayahuasca, perfeito pq. é bem isso mesmo!

Esse post agrega super esse assunto que tanto falo aqui.

Não deixe de ler o texto também!

Beijos no coração

Namastê






Viver o momento presente


por Juliana Jurokawa

Hoje em dia muito se fala sobre viver o momento presente. Parece que todos estão preocupados em melhorar a qualidade de vida. E isso acontece em todos os ambientes. É muito clara a tendência de todos em querer enxergar o ser humano como um ser global, onde os seus estados mental, psicológico e espiritual importam tanto quanto o seu estado físico e suas qualificações profissionais, por exemplo. O século XXI tem sido marcado pelo reconhecimento das várias doenças conhecidas como “doenças da alma”, que incluem a depressão e a síndrome do pânico.

Nesse sentido, observamos, em todos os lugares, a busca de muitos terapeutas, escritores, psicólogos e até mesmo médicos por métodos alternativos, que tentem curar e tratar não só a parte patológica das pessoas, mas sim a parte que diz respeito ao intangível, àquilo que nem mesmo conseguimos provar ser verdadeiro e existente.

Apesar de ainda existir muita pobreza nesse mundo, muitas pessoas atingiram certo nível de estabilidade, onde elas podem buscar por alternativas que visem o seu bem-estar não só físico como mental. Há de se convir que, depois de atingirmos todos os nossos objetivos financeiros e até mesmo aquele de constituir uma família, mesmo que nossa família seja socialmente considerada uma família perfeita, muitas vezes, ainda sentimos que nos falta algo e isso nos leva a crer que há algo além de nosso ser físico que não conseguimos perceber. De certa forma, intuímos que esse Ser precisa de atenção tanto quanto as outras áreas de nossas vidas.

E, nesse ponto, nos deparamos com o conceito de viver o momento presente. Mas o que isso significa? Durante muito tempo, como nos consideramos meros seres físicos e psicológicos, entendemos que viver o momento presente é estar atento ao que os nossos cinco sentidos nos contam. Então, partindo-se do princípio de que somos o nosso corpo, seria o mesmo sentir a temperatura do local, seu odor, ouvir os sons que o povoam, olhar para cada detalhe e ainda sentir o gosto do que estivermos comendo. Nesse contexto, viver o momento presente seria manter nossos sensores ligados ao que estamos captando de nosso ambiente atual.

O que muitas vezes ignoramos é que a maneira como percebemos algo depende do que acreditamos ser real e ainda do que sentimos em relação ao que os nossos cinco sentidos capturam. Nossas emoções desempenham um papel fundamental sobre a atenção que damos às coisas ou pessoas que nos rodeiam. Isso quer dizer que nossos receptores sensoriais não nos dão uma imagem pronta, mas funcionam como mediadores de nossa própria decisão sobre o que vai se tornar um pensamento ao chegar à consciência e o que vai permanecer inconsciente.

As emoções não só determinam a maneira como percebemos, mas também têm a capacidade de não ver o que simplesmente não queremos ver.

Portanto, se construímos a realidade com elementos de nosso estoque já existente de lembranças, emoções e associações, como podemos perceber algo novo?  Percebemos que, diante deste fato, tudo o que percebemos depende das associações e lembranças que temos do passado?

Vamos supor que estejamos observando um cachorro brincando na grama com uma bola. 

A maneira como vamos experimentar o que vemos vai depender de como percebemos um cachorro. Se eu tiver sido atacada por um cachorro em minha infância, vou observá-lo de longe e a emoção presente será o medo e vou me aproximar com precaução. Por outro lado, se eu for uma amante dos animais, vou tentar interagir com ele e percebê-lo com ternura.

E o que isso quer dizer? Nos dois casos, em nosso senso comum, diríamos que estamos vivendo o momento presente, onde estamos muito atentos aos movimentos do tal cão, hora visto de maneira amedrontadora hora amável, dependendo do referencial passado que temos para o animal. Mas não fica claro aqui que, ao trazermos o nosso referencial do passado, não estamos de fato vivendo o presente? E o que seria se vivenciássemos a mesma situação e não tivéssemos nenhuma ideia do que é um cachorro? Não seria essa a única possibilidade de vivermos o presente, onde, ao invés de tentarmos prever seus movimentos, nos permitíssemos simplesmente observar e nos surpreender com os mesmos?

E, já que o que vemos e sentimos, depende de nosso referencial interno, qual seria a maneira mais adequada de viver o momento presente genuinamente?

Para viver o momento presente, precisamos conceber o que somos. Somos seres corpóreos com os seus receptores sensórios ou somos a mente que interpreta e colore todas as nossas experiências? E, se formos uma mente, viver o presente não seria observar os pensamentos que ela contem?

Viver o presente é conseguir observar e identificar os pensamentos que escolhemos e dão significado ao que vivemos nesse mundo.  Se não podemos interferir e nem mudar o que acontece conosco e ao nosso redor, não seria a nossa única e real escolha a maneira como interpretamos o que nos acontece? E já que tudo o que percebemos segue o pensamento presente em nossa mente, não seria a maneira mais eficaz de ser feliz: ser vigilante e escolher aqueles que nos dão a sensação de paz?

Que sentido teria tudo o que vivemos agora se não pudermos experimentar novos eventos sem o referencial do passado? Que diferença há entre uma pessoa que você odeia ou que ame entre qualquer outra pessoa do mundo se você não tiver o seu referencial passado? O que uma pessoa contra a qual você guarda mágoas está fazendo no momento em que você lê esse texto? E, ao se recordar dela, você reviveu todas os eventos passados que fizeram com que você guardasse ressentimentos a respeito dela ou deu a chance a si mesmo de viver o momento presente e perceber que não há nada agora que justifique tais sentimentos?

Viver plenamente o momento presente é não trazer o passado e nem o medo do futuro para o que é percebido. É estar atento ao pensamento regente em nossa mente. Nossa atitude interna define a maneira como vamos experimentar o mundo e colore todas as nossas experiências. E, se quero ser feliz, qual o pensamento que quero escolher como guia para o agora? Estou feliz com o prisma que tenho escolhido para colorir minha visão de vida? E, se eu não estiver, como posso estar cada vez mais consciente de minhas escolhas?


A maneira como escolhemos viver está intimamente ligada ao que acreditamos ser. Somos receptores de sensações externas ou uma mente tomadora de decisão? E, como tomadores de decisões, podemos escolher nossos pensamentos. Como seriam as nossas experiências se nos propuséssemos a fazer todas as coisas como se estivéssemos fazendo-as pela primeira vez? Podíamos ao menos começar a tentar... 

#dia129
#desafiogratidão2105


Gratidão por entender que todo ataque é um pedido de amor.
Baba Nam Kevalam

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