Segue um Perguntas & Respostas com Flavia Melissa.
Beijos no coração
Namastê
por Flavia Melissa
25 de December de 2014 por flavia em P&R,Textos
P: “Flavia, está tudo certo do jeito como ocorre, ok. Mas e
o que dizer de coisas terríveis que acontecem? De crianças que são estupradas
por seus pais, ou das guerras que acontecem? Não existem erros nunca? E os
vilões, os grandes causadores de mal da sociedade, que matam e roubam, não
estão errados? E, de acordo com o que você pensa, como deve ser nossa postura
diante destas coisas se elas não estão erradas? Devemos sentar e nos calar?
Mãos atadas, é isso mesmo?”
R: Existem tantas particularidades presentes em sua pergunta
que já aviso, de antemão, que será uma longa resposta. Qualquer questão a qual
nos dediquemos a debater sob o ponto de vista da mente, que vive em uma lógica
dual – certo x errado, bom x mau, bonito x feio, etc – pode se tornar extremamente
pantanosa e, por isso, é necessário que analisemos separadamente cada elemento
de suas afirmações.
Então vamos lá! O primeiro ponto a ser analisado é a
afirmação de que está tudo sempre certo, que é uma afirmação que leva em
consideração uma lógica superior, acima da que rege nossas mentes físicas.
Porque se formos levar em consideração nossa percepção subjetiva, é evidente
que não está tudo certo. Como podemos sequer nos aproximar a dizer que está
tudo certo pensando em um pai estuprando o filho? Como dizer que está tudo
certo quando uma guerra arranca a vida de milhares de inocentes? Como ousar
dizer que está tudo certo quando o inimaginável acontece e a dor parece sufocar
o peito de dentro para fora? Negar que, em alguns momentos, as coisas parecem
estar muito erradas seria a maior imbecilidade. É óbvio que, em alguns
momentos, as coisas acontecem e nos fazem ter certeza de que não deveriam estar
acontecendo, de que a vida não deveria ser assim. E, ainda assim, está tudo
certo. Como assim?
Uma coisa muito importante de levar em consideração é a de
que, para mim, existe alguns paradigmas essenciais no modo de compreender o
mundo – alguns dogmas, poderia dizer. E o principal deles é o seguinte: não
somos seres humanos despertando para uma realidade espiritual, e sim seres
espirituais vivendo uma experiência humana. Ponto. É nisso que eu acredito e é
extremamente importante que você leve isso em consideração quando lê meus
textos, assiste meus vídeos ou acompanha minhas postagens por aí. Eu não vou
tentar te provar isso – eu não vou conseguir te provar isso. Ou você concorda
comigo e já pensa assim, ou será muito difícil acompanhar o meu trabalho,
porque este é um pressuposto do qual eu parto e o qual não faço questão nenhuma
de enfiar goela abaixo de quem não pensa como eu. Entendido este ponto, vamos
adiante.
Levando em consideração que o que estamos vivendo aqui é uma
experiência tridimensional de um ser multidimensional espiritual, fica muito
difícil que consigamos compreender, com nossa mente dual e física, o verdadeiro
significado de nossas experiências e aprendizados aqui na Terra. Eu acredito
firmemente que, ao virmos para este plano, estamos plenamente decididos a
ampliar ainda mais a luz que existe dentro de nós através de vivências que nos
forneçam experiências “especiais” que proporcionem o aumento desta luz. No aqui
e agora estamos mergulhados até a raiz dos cabelos na lógica da terceira
dimensão, regida pela dualidade eu x outro e bem estar x sofrimento, mas se
caminhamos na direção da Unicidade (eu E outro, bem estar E sofrimento como uma
coisa só), deixamos de ser tão apressados assim em categorizar as coisas tão
rapidamente em boas ou ruins, bençãos ou desgraças.
Dou um exemplo: certa vez tive um paciente que, em
determinado momento de sua vida, morava no sul do país e precisava vir para São
Paulo para uma importante reunião de negócios que definiria os rumos de sua
vida profissional e de sua companhia para sempre. Na véspera da viagem, ele fez
tudo o que podia para garantir que nada saísse errado no dia seguinte: colocou
despertadores para tocar, separou chaves e documentos do carro que usaria no
dia seguinte para chegar ao aeroporto, combinou com a esposa para que ela
levasse os filhos à escola e organizou todos os documentos em sua pasta de
trabalho para que, no dia seguinte, tivesse o mínimo de trabalho possível. Mas,
ao acordar na manhã da viagem, tudo saiu do planejado: os despertadores (sim,
mais de um) não tocaram, os filhos se atrasaram para a escola. Um importante
documento simplesmente desapareceu de dentro da pasta e, quando ele finalmente
o encontrou, a esposa não conseguia achar as chaves do carro. Tudo estava dando
errado e este homem praguejou contra sua “má” sorte. Quando estavam quase
chegando ao aeroporto, atrasados mas não o suficiente para que ele perdesse o
vôo, um caminhão bateu com tudo na traseira de seu carro, e ele mal pôde
acreditar quando viu o motorista completamente bêbado sair da cabine para se
desculpar. Parecia uma versão do inferno adaptada para sua vida cotidiana. Sim,
ele perdeu o vôo e, pelos próximos 50 minutos, este homem amaldiçoou e
praguejou e brigou com o motorista bêbado do caminhão e com a mulher e com os
filhos e com todos os que cruzaram seu caminho. Até que, enquanto esperava o
guincho chegar para levar seu carro para o mecânico, ele recebeu a notícia de
que o avião no qual deveria estar havia acabado de bater no prédio da TAM, em
São Paulo – um famoso acidente ocorrido há alguns anos. E aí? Ele teve má
sorte? O motorista do caminhão era um cretino? Ou uma série de fatores
aparentemente negativos conspiraram para salvar a sua vida?
Como eu disse: não podemos negar que existem sensações boas
e ruins. Eu não nego isso. É óbvio que se eu quero pegar um avião e me atraso,
fico ansiosa e reclamo. É óbvio que se sou assaltada e fico com uma arma
apontada para a minha cabeça enquanto estou deitada na varanda da casa de praia
da minha família, sinto raiva e julgo o bandido e quero que justiça seja feita.
É evidente que se fico sabendo da violência cometida contra um ser humano – ou
animal – eu me revolto e me pergunto porque existe tanta maldade no mundo. Mas
esta EU, que faz tudo isso, é a Flavia Melissa – minha identidade atual,
estruturada por um Ego que existe apenas no aqui e agora desta vida tridimensional.
Eu não sei, a médio e longo prazo, as consequências das coisas ditas
“negativas” que acontecem. Eu não sei se uma criança que é estuprada na
infância vai crescer, fundar uma ONG e ser responsável por salvar centenas de
vidas de outras crianças que, como ela, sofreram maus tratos. Eu não sei se o
assalto que me deixou um galo na cabeça, de tanto que a arma era pressionada
contra o meu crânio, não me salvou de um acidente fatal caso eu tivesse saído
de casa naquela noite. E eu não sei o que o meu espírito e o seu espírito
vieram ter como lição engrandecedora nesta vida, só sei de uma coisa: se
aprender a perdoar é algo especial e faz com que minha luz eterna e infinita
aumente, isso faz de meu malfeitor um grande professor. É só disso que eu sei.
Não estou dizendo que as leis não devam ser cumpridas – para
que vivamos em sociedade elas são necessárias e é muito importante que se façam
ser cumpridas. Mas a lei dos homens está certa? Não sei. Está certo julgar o
comportamento de alguém como se eu não fosse corresponsável por ele existir?
Você acha que não tem absolutamente nada a ver com o fato de existirem
criminosos no planeta Terra? Saiba que esta é só mais uma das manifestações de
sua mente tridimensional física, regida por conceitos duais eu x outro, que
enxerga apenas a segregação e a compartimentalização das coisas. Como disse
alguém sábio de quem me esqueci o nome, “não é sinal de saúde estar adaptado a
uma sociedade profundamente doente”. E a verdade é que energeticamente falando,
nós como espécie vibramos coletivamente esta energia que faz com que criminosos
e miseráveis existam, que faz com que sociedades sejam o palco principal a
propiciar o surgimento de guerras e conflitos e que proporciona que pais amem
seus filhos de modos deturpados e doentios. Todos nós somos responsáveis por
isso, pois todos nós somos espíritos que estamos aqui para aprender – e
estamos, cada um de nós, em fases diferentes do processo.
Você me pergunta qual deveria ser nossa postura diante
destas coisas, e eu te digo: sigamos as leis, mas com amor e compreensão ao
próximo. A única diferença entre você e um criminoso é que você teve uma vida
que fez de você uma pessoa capaz de sublimar, reprimir e não dar vazão a seus
instintos agressivos e assassinos – porque se você me disser que não sente
raiva assassina vez ou outra, eu não vou acreditar. A escuridão que existe lá
fora no mundo é apenas um reflexo de nossa escuridão interna – trabalhemos do
lado de dentro. Olhemos mais para dentro e menos para fora. Mudemos nosso interior
praticando o bem, a caridade, o perdão e a compreensão, servindo de exemplo
para os demais e sendo, de verdade, a mudança que desejamos ver no mundo.
Façamos isso, e eu prometo que nossa luz se expandirá e mais dia menos dia
alcançará outras pessoas, inevitavelmente.
Nós somos todos um e estamos todos no mesmo barco, vivendo o
mesmo processo. E o processo é exatamente este: aprender. O jogo é apenas um:
amar ao próximo como a ti mesmo. E levando em consideração estes paradigmas…
Sim, está tudo certo. Sempre esteve, e sempre estará. Que não nos apressemos
tanto em dizer que isso deveria ter sido assim ou que tal coisa não poderia ter
sido assado. Relaxemos no processo: amém.
Namastê.
Extraído do site:
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