Hoje o assunto é relacionamentos amorosos.
O relacionamento é a universidade da vida, e existem pessoas que querem continuar eternamente na universidade, mesmo que a vida esteja sinalizando que o curso terminou, ou está terminando - já dizia Sri Prem Baba...
Isso nada mais é do que codependência, um vício muito comum nos relacionamentos.
Pode ter certeza que se você ainda não passou por isso, ainda vai passar kkkkk
A felicidade que procuramos não se encontra no relacionamento, mas "juramos por Deus" que se ele (a) me chamar pra sair serei a pessoa mais feliz do mundo...não é mesmo?!?
Assim, com esse tipo de pensamento, pulamos de galho em galho, sempre na esperança da nossa "necessidade" um dia ser "sanada".
O relacionamento com o outro, mesmo o mais maduro e perfeito, é somente um portal para um tipo de conhecimento que nos permite enxergar a verdade.
A crença de que dependemos do outro para encontrar a felicidade NÃO É REAL!!!
No livro Amar e Ser Livre, Prem Baba diz que:
...chega um momento em que somente a solidão pode atuar como espelho. Ela é como um espelho com lente de aumento: começamos a nos ver com muita nitidez. Começamos a ver tudo aquilo que não nos pertence e tudo isso começa a se dissolver, porque o contato com a solidão significa a morte de nossa falsa identidade e por isso que tentamos fugir dessa morte, que na verdade não é morte, mas sim renascimento. E que para renascer, uma parte da gente tem que morrer. Que essa passagem é inevitável, pois a verdadeira felicidade se encontra em Deus - o seu coração.
O outro só serve como espelho para nosso autoconhecimento. O outro é apenas um veículo, uma seta para que você possa voltar para seu coração."
Acho que me encontro exatamente nessa fase.
Beijos no coração.
Namastê
_/\_
O homem que não
acreditava no amor
Era uma vez um homem que não acreditava no amor. Ele era uma
pessoa comum, como você e eu, mas seu modo de pensar tornava-o diferente. O
homem achava que o amor não existia. Claro, ele teve muitas experiências,
tentando encontrar o amor, observou bastante as pessoas que o cercavam. Passou
a maior parte da vida procurando o amor, apenas para descobrir que era algo que
não existia.
Aonde quer que esse homem fosse, dizia às pessoas que o amor
não passava de uma invenção dos poetas, uma mentira que os religiosos contavam
para manipular a mente fraca dos humanos, forçando-os a acreditar, para
controlá-los. Dizia que o amor não é real, que nenhum ser humano poderia
encontrá-lo, mesmo que passasse a vida procurando-o.
Esse homem era extremamente inteligente e muito convincente.
Lia muitos livros, frequentara as melhores universidades, era um erudito
respeitado. Podia falar em público, diante de qualquer tipo de plateia, sempre
com lógica irrefutável. Dizia que o amor é uma espécie de droga, que provoca
euforia e cria forte dependência. Que uma pessoa pode viciar-se em amor e
começar a necessitar de doses diárias, como os dependentes de qualquer outra
droga.
Costumava afirmar que o relacionamento dos amantes é igual
ao relacionamento entre um viciado e a pessoa que lhe fornece a droga. O que
tem mais necessidade de amor é o viciado, o que tem menos, é o fornecedor.
Aquele, entre os dois, que tem menos necessidade, é o que
controla todo o relacionamento. Dizia que é possível ver isso com clareza
porque, num relacionamento, quase sempre há um que ama sem reservas, e outro
que não ama, que apenas tira vantagem daquele que lhe entrega seu coração. Que
é possível ver, pelo modo como os dois se manipulam, como agem e reagem, que
são iguais ao fornecedor de uma droga e o viciado.
O viciado, aquele que tem mais necessidade, vive com medo de
não conseguir receber a próxima dose de amor, ou seja, da droga. E pensa: “O
que vou fazer, se ele (ela) me deixar?” O medo torna o viciado extremamente
possessivo. “Ele é meu!” O medo de não receber a próxima dose torna-o ciumento
e exigente. O fornecedor pode controlar e manipular aquele que necessita da
droga, dando-lhe mais doses, menos doses, ou nenhuma dose.
O que necessita da droga submete-se completamente e faz tudo
o que pode para não ser abandonado.
O homem ainda dizia muito mais, quando explicava por que
achava que o amor não existia. Declarava que aquilo que os humanos chamam de
amor é apenas um relacionamento de medo baseado no controle. “Onde está o
respeito? Onde está o amor que afirmam sentir? Não há amor. Dois jovens, diante
de um representante de Deus, diante de suas famílias e de seus amigos, fazem
uma porção de promessas um ao outro: que vão viver juntos para sempre, que vão
amar-se e respeitar-se mutuamente, que estarão um ao lado do outro nos bons e
nos maus momentos, que vão se amar e se honrar. Promessas e mais promessas. O
mais espantoso é que eles realmente acreditam que vão cumpri-las. Mas, após o
casamento — uma semana, um mês, alguns meses depois — fica claro que nenhuma
das promessas foi cumprida.
O que se vê é uma guerra pelo comando, para ver quem
manipula quem. Quem será o fornecedor, e quem será o viciado? Alguns meses
depois, o respeito que prometeram ter um pelo outro desapareceu. Surgiu o
ressentimento, o veneno emocional, e ambos ferem-se reciprocamente, pouco a
pouco, cada vez mais, até que eles não sabem mais quando o amor acabou.
Permanecem juntos porque têm medo de ficar sozinhos, medo da opinião e do
julgamento dos outros, medo de sua própria opinião e de seu próprio julgamento.
Mas, onde está o amor?”
O homem costumava dizer que via muitos velhos casais, unidos
havia trinta, quarenta, cinquenta anos, que tinham orgulho de estar juntos
durante tanto tempo. Mas, quando falavam a respeito de seu relacionamento,
diziam: “Sobrevivemos ao matrimônio”. Isso significa que um deles submeteu-se
ao outro. A certa altura, ela (ou ele) desistiu e decidiu suportar o
sofrimento. O que teve vontade mais forte e menos necessidade, venceu a guerra.
Mas onde está aquela chama a que deram o nome de amor? Um
trata o outro como se fosse propriedade sua. “Ela é minha”, “Ele é meu”.
O homem mostrava mais e mais razões que o haviam levado a
acreditar que o amor não existe. Dizia: “Eu já passei por tudo isso. Nunca mais
permitirei que outra pessoa manipule minha mente e controle minha vida em nome
do amor”. Seus argumentos eram bastante lógicos, e com suas palavras ele
convenceu muitas pessoas. “O amor não existe.”
Então, um dia, esse homem andava por um parque, quando viu
uma linda mulher chorando, sentada num banco. Ficou curioso, querendo saber por
que motivo ela chorava. Sentando-se a seu lado, perguntou-lhe por que ela
estava chorando e se podia ajudá-la. Imaginem qual foi a surpresa dele, quando
a mulher respondeu que chorava porque o amor não existia.
— Mas isso é espantoso! — o homem exclamou. — Uma mulher que
não acredita no amor? E, claro, quis descobrir mais coisas a respeito dela.
Compreendendo-a muito bem, o homem abraçou-a e disse:
— Tem razão, o amor não existe. Procuramos por ele, abrimos
o coração e nos tornamos fracos, para no fim encontrarmos apenas egoísmo. Isso
nos fere, mesmo que achemos que não vamos ser feridos. Não importa o número de
relacionamentos que possamos ter, a mesma coisa sempre acontece. Por que ainda
continuamos a procurar o amor?
Os dois eram tão parecidos, que se tornaram grandes amigos.
Tinham um relacionamento maravilhoso. Respeitavam-se, um nunca humilhava o
outro. Ficavam mais felizes a cada passo que davam juntos. Entre eles não havia
ciúme nem inveja, nenhum dos dois queria assumir o comando, nem era possessivo.
O relacionamento continuou a crescer. Eles adoravam estar juntos, porque sempre
divertiam-se muito. Quando estavam separados, um sentia a falta do outro.
Um dia, o homem encontrava-se fora da cidade, quando teve a
mais esquisita das ideias.
“Hum, talvez o que eu sinta por ela seja amor. Mas isto é
muito diferente de qualquer outra coisa que já senti. Não é o que os poetas
dizem, assim como não é o que os religiosos pregam, porque não sou responsável
por ela. Não tiro nada dela, não sinto necessidade de que ela cuide de mim, não
preciso culpá-la por minhas dificuldades, nem contar-lhe meus dramas. O tempo
que passamos juntos é maravilhoso, gostamos um do outro. Respeito o que ela
pensa, o que sente. Ela não me envergonha, não me aborrece. Não sinto ciúme,
quando ela está com outras pessoas, não tenho inveja, quando a vejo ter sucesso
em alguma coisa. Talvez o amor exista, mas não seja aquilo que todo mundo pensa
que é.”
O homem mal pôde esperar pelo momento de voltar para sua
cidade e conversar com a mulher para expor-lhe a ideia esquisita que tivera.
Assim que ele começou a falar, ela disse:
— Sei exatamente do que é que você está falando. Tive a
mesma ideia, bastante tempo atrás, mas não quis lhe contar, porque sei que você
não acredita no amor. Talvez o amor exista, mas não seja aquilo que pensamos
que é.
Decidiram tornar-se amantes e morar juntos e, de maneira
admirável, as coisas não mudaram. Os dois continuaram a respeitar-se, a dar
apoio um ao outro, e o amor continuou a crescer. Até as coisas mais simples
faziam seus corações cantar, cheios de amor, por causa da grande felicidade em
que eles viviam.
O coração do homem estava tão repleto de amor que, uma
noite, um grande milagre aconteceu. Ele olhava as estrelas e encontrou uma que
era a mais bela de todas.
Seu amor era tão imenso, que a estrela começou a descer do
céu e logo estava aninhada nas mãos dele. Então, um outro milagre aconteceu, e
a alma do homem uniu-se à estrela. Ele estava imensamente feliz e foi procurar
a mulher o mais depressa possível para depositar a estrela nas mãos dela,
provando seu amor. Assim que recebeu a estrela nas mãos, a mulher experimentou
um momento de dúvida. Aquele amor era grande demais, avassalador.
Naquele instante, a estrela caiu das mãos dela e
estilhaçou-se em um milhão de pedacinhos. Agora, um velho anda pelo mundo,
jurando que o amor não existe. E uma velha bonita permanece em casa, esperando
por ele, derramando lágrimas pelo paraíso que um dia teve nas mãos e perdeu por
causa de um momento de dúvida.
Essa é a história do homem que não acreditava no amor. Quem
foi que errou? Você gostaria de descobrir qual foi a falha? O erro foi do
homem, que pensou que poderia passar sua felicidade para a mulher. A estrela
era sua felicidade, e ele errou, quando a colocou nas mãos dela.
A felicidade nunca vem de fora de nós. O homem era feliz por
causa do amor que saía dele, e a mulher era feliz por causa do amor que saía
dela. Mas, no momento em que ele a tornou responsável por sua felicidade, ela
deixou cair a estrela, quebrando-a, porque não podia responsabilizar-se pela
felicidade dele.
Por mais que a mulher o amasse, jamais poderia fazê-lo
feliz, porque nunca saberia o que se passava na mente dele. Nunca saberia quais
eram as expectativas do homem, porque não poderia conhecer os sonhos dele.
Se você pegar sua felicidade e colocá-la nas mãos de outra
pessoa, mais cedo ou mais tarde a verá estilhaçada. Se der sua felicidade a
alguém, você a perderá. Então, se a felicidade só pode vir de dentro de nós,
sendo resultado de nosso amor, nós somos os únicos responsáveis por ela. Nunca
podemos tornar outra pessoa responsável por nossa felicidade, mas, quando os
noivos vão à igreja para casar, a primeira coisa que fazem é trocar alianças.
Cada um está colocando sua estrela nas mãos do outro,
esperando dar e receber felicidade. Por mais intenso que seja seu amor por
alguém, você nunca será o que esse alguém quer que você seja. Esse é o erro que
a maioria de nós comete, logo de início. Baseamos nossa felicidade em nossos
parceiros, e não é assim que as coisas funcionam. Fazemos uma porção de
promessas que não podemos cumprir, já nos preparando para o fracasso.
por Don Miguel Ruiz
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