terça-feira, 7 de março de 2017

Superinteressante MEDITAÇÃO: Onda Ecumênica




Oi gente,

Dando continuidade aos posts da Revista Superinteressante Especial MEDITAÇÃO, segue o post da semana.

Beijos no coração.

Namastê

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ONDA ECUMÊNICA



OS últimos 500 anos antes de Cristo, justamente quando o Buda viveu,  foram 

especialmente frutíferos na Ásia. Não só foi a época em que novas correntes do 

pensamento indiano, como o budismo, o ioga e jainismo, inventaram seu próprio caminho 

até a iluminação, mas taoísmo também começou a ganhar contornos na China. A doutrina 

que hoje é seguida por mais de 80% dos chineses (ou seja, 1 bilhão de pessoas), uniu a 

sabedoria de feiticeiras e xamãs wu, conhecidos pela habilidade de se conectar com a 

natureza, com fundamentos da escola do yin e do yang, a filosofia que crê em forças 

opostas e complementares presentes em todo o Universo.

Há inúmeras referências à vida interior nos escritos de Chuang Tzu, que elaborou textos 

importantes do taoísmo no século 4 a.C. Neles, o autor esclarece: quem quer ser feliz e 

viver muito precisa olhar para dentro. A mente é como um quartinho escondido pela 

folhagem da nossa vida atarefada. "Olhem aquela sala fechada, a câmara vazia em que 

nasceu a claridade!

A fortuna e as bênçãos se reúnem onde há silêncio" , diz um de seus textos. Lao Tzu, 

outro autor clássico do taoísmo, simplifica: "Sem sair da sua porta, ele conhece tudo o que 

está sob océu. Sem olhar pela sua janela, ele conhece todos os caminhos que levam ao 

céu".O tao também é descrito como uma grande via pública celestial e, segundo

sua filosofia, convém aderir ao fluxo para se manter saudável. A maneira de fazer isso,

ensinam os taoístas, é silenciandoo funcionamento comum da mente, introduzindo aqui o

jejum, ou coisas mais simples, como o silêncio, os olhos fechados e o controle da 

respiração.

Ou seja, mais de 1 bilhão de chineses praticam meditação ou ao menos confiam nos seus

poderes.

Vindo da Índia pela Rota da Seda, o budismo fincou raízes na China no século 2 a.c., onde 

se bifurcou em ramificações locais. Uma das mais importantes viria a ser o zen, baseado 

na observação da respiração e da mente, e no qual a meditação é uma prática 

fundamental. Da China, a doutrina migrou para Coreia, Japão e Vietnã - e a expressão 

"zen-budismo" entrou até na cultura ocidental. Ainda hoje, nos monastérios os textos 

sagrados são recitados em cantos diários. As oferendas às imagens de Buda também são 

comuns, como é costume fazer aos antepassados nas casas de família. Outra corrente 

importante criada a partir da Rota da

Seda foi a do budismo tibetano, no século 8. Hoje com estimados 20 milhões de 

seguidores, é a corrente do Dalai Lama, o equivalente ao papa budista. "Quando alguém 

está irritado, se começa a prestar atenção na respiração, depois de 10 ou 20 inspirações 

seu estado já estará diferente um pouco mais calmo. O melhor jeito de lidar com essas 

emoções é a meditação. Não para a próxima vida nem para o Céu, mas para o bem-estar 

diário", costuma repetir o líder religioso em entrevistas.

ESTADO DE GRAÇA O Ocidente também tem um antigo relacionamento com a meditação. 

filósofo Sócrates era dado a êxtases espontâneos e costumava ficar até 24 horas imóvel

absorto. Suas lições, que inauguraram a filosofia ocidental, ensinam algo lembra muito o

pensamento do Sudeste Asiático: conhece-te a ti mesmo. "De maneira muito semelhante,

GilgameSh, Moisés, Platão, Cristo e Maomé utilizaram o êxtase para abeberar-se nas

extensões mais íntimas de suas psiques e permitir que seus discernimentos profundos

afeiçoassem os destinos humanos", diz o estudioso das religiões Willard Johnson em seu 

livro Do Xamanismo à Ciência - Uma HiStória da Meditação. Resumindo, na Grécia e na 

Europa todas as meditações seguiram uma linha mais espontânea, parecida ao que 

chamamos de "estado de graça". Judeus, cristãos e muçulmanos desenvolveram técnicas 

que se assemelham à meditação. Recitar preces em ritmo repetido é uma delas. Mas, 

segundo o estudioso Halvor Eifring, professor da universidade de Oslo e autor de três 

compêndios sobre a história cultural da meditação, há uma grande diferença entre as 

tradições oriental e ocidental. Enquanto alinhagem asiática reforça a técnica e a 

introspecção, judeus e cristãos focam no conteúdo da meditação - sobre o que se medita 

tem mais importância do que o como. Não é por acaso que igrejas estão recheadas de

estátuas, vitrais e afrescos - como o teto da Capela Sistina, no Vaticano, que conta parte

da Bíblia. As imagens que descrevem personagens e histórias ajudam a criar o clima para

uma meditação de olhos abertos. O detalhe é que, sem o significado das gravuras, os

exercícios deixam de fazer sentido para os católicos. Não se pode substituir Jesus na cruz

por uma simples forma geométrica, por exemplo. Os orientais preferem os desenhos

abstratos, o que ajudaria a concentração individual no interior dos templos. É por essas

que o Vaticano tem implicância com a meditação oriental. Em 1989, uma carta enviada a

todos os bispos e assinada pelo então prefeito Joseph Ratzinger (hoje papa emérito Bento

16) tratava meditação transcendental, zen e ioga como um "problema" para os

católicos. A oração cristã, diz o texto aprovado pelo papa da época, João Paulo 2°,

"recusa técnicas impessoais ou centradas sobre o eu". Os católicos preferem as preces em


devoção a Deus ou aos santos.

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