quarta-feira, 17 de agosto de 2016

O que aprendi com 10 dias em silencio

Oi gente,

Esse depoimento é SENSACIONAL!!!

Cada um recebe o "chacoalhão" de um modo, mas o intuito do desse chacoalhão é nos despertar!!! 

E você, onde está em tudo isso???

Beijos no coração

Namastê




Pense bem, quando foi a última vez que você se permitiu não fazer nada?
Ficar horas contemplando a natureza, o nada, a capa de um livro, um lugar qualquer.
Fechar os olhos, sentir seu coração bater, sentir o toque sutil do ar entrando nas suas narinas, saindo. Sentir o seu pulmão expandir e contrair.
Quando você o fez por mais de alguns minutos?
Mais do que isso, quando você se permitiu estar totalmente entregue à você mesmo? 
Já tentou ficar sem falar por um dia inteiro? E tentar silenciar a voz dos seus pensamentos?
Pois é, quando falo que fiquei 10 dias sem falar, sem ler, sem escrever, sem nem ao menos fazer contato visual com outras pessoas, muitos me chamam de louco.
10 dias onde acordava às 4h da manhã, e meditava por 11h, todos os dias. Ou seja, das horas que estava acordado, 11h eu passava de olhos fechados.

Atenção: tudo que foi escrito aqui se diz respeito à opinião e experiência do autor. Use seu bom senso ao ler, e participe da conversa =)

Se você quiser “assistir” esse artigo, eu usei esse mesmo texto para falar no TEDx Mauá:



Não teve um único dia em que não pensei em desistir.
Meu corpo e minha mente gritavam para sair de lá.
Sentia dores insuportáveis de cabeça e na coluna, todos os dias. Meu único conforto era um banho quente antes de deitar, e só.
Voltando do retiro, entrei na maior depressão da minha vida.
Quando conto essa estória, todo mundo pergunta: “Mas…. pra que tudo isso? Valeu à pena?”
Minha resposta é sempre igual: “Valeu (e ainda vale) cada segundo. Mas entenda muito bem aonde você está se metendo, você precisa ter o mínimo de preparação.”
Nesses meses de retiro + depressão aprendi sobre mim mesmo o que nenhum livro ou terapia jamais me ensinaram. O que veio foi de dentro.
E agora meu intuito é ao menos tentar compartilhar com você tudo que aprendi:
“A Iluminação é um processo destrutivo (tanto quanto construtivo). Não tem relação com se tornar feliz ou melhor. Iluminação é a desconstrução da mentira. É ver através das pretensões. É a erradicação completa de tudo que se acredita ser verdade.”
Adyashanti

//corpo + mente + alma

Poucas coisas me dão tanta alegria quanto explorar o que é SER humano, o que é estar vivo, o que é a consciência, literalmente descobrir o universo que existe dentro de nós.
O quanto é possível se desenvolver e se auto conhecer nesse pouco espaço de tempo de uma vida. Como conseguir equilibrar os pilares que constituem o ser humano: corpo, mente e espírito.
Eu vivo e respiro isso todos os meus dias, sempre nessa busca.


Por algum tempo eu percebia um sentimento estranho no peito. Como se tivesse um buraco negro, que tinha literalmente o poder de sugar a minha felicidade nos momentos mais inoportunos.
Incomodado com isso, parti em busca de entender mais sobre esse sentimento e o motivo de sua existência.
Essa busca me levou a um retiro de meditação, uma técnica budista chamada Vipassana, onde a proposta era ficar 10 dias em silêncio meditando.
Eu sabia que alguma coisa ia acontecer, só não sabia exatamente o que.

//quais são suas certezas?

Antes do retiro, eu tinha apenas algumas certezas na vida. Eram poucas, mas eram elas que me garantiam, basicamente, que “eu” era “eu”. Todos temos essas certezas, certo?
Como por exemplo, o amor pela minha família. Os meus interesses profissionais. Meus hobbies. Meus amigos.

Certeza1 + Certeza2 + … + CertezaN = Eu

Durante esses 10 dias, sem distrações para a mente (sem computador, celular, TV, redes sociais, sem até mesmo falar), fui, gradativamente, aprofundando a consciência, além da superficialidade do dia a dia.


E quando cheguei tão fundo, comecei a perceber que, na verdade, a noção do “Eu” é muito mais complexa do que a mera construção, a simples ideia que tinha de mim mesmo, o Ego.
Uma das minhas grandes descobertas foi perceber que eu não era minha mente: eu sou algo muito maior do que meus pensamentos.
Para muitos, isso pode parecer óbvio, uma vez que alguns tem a capacidade de identificar pensamentos que não lhes são naturais e “descartá-los”.
Outros, assim como eu, não fazem essa distinção e tomam TUDO o que pensam como seus, mesmo que eles não façam o menor sentido.

//eu ≠ mente

Mas, por que isso acontece?
Acontece justamente por que estamos desconectados da natureza. Estamos envoltos o tempo inteiro por ambientes artificiais.
Já parou para pensar? A sala, o local que você está nesse exato momento, é totalmente artificial.
Não faz parte da natureza como ela é. Os recursos naturais, matérias primas, foram modificadospara construir esse espaço. 
Antes que você pare de ler o artigo agora, achando que eu vou sugerir a todos morar na floresta,pode parar. Eu te garanto que não penso assim.
O avanço tecnológico me fascina.
Eu me formei engenheiro, e sempre achei fascinante a ideia de poder transformar a natureza em números para poder entendê-la melhor e manipula-la para usar um pouco do seu poder.
Mas, ao mesmo tempo em que usufruimos de todas as coisas fantásticas fruto da sociedade moderna, observamos também um efeito rebote: a desconexão com a natureza.
E quando eu falo desconexão eu não quero dar uma de místico, zen, natureba, hippie, irmão….
Não, longe disso…

//desconexão

Quero apenas atentar ao fato de que somos seres biológicos. E se somos seres biológicos, somos a natureza.
Mas como podemos perceber isso? Afinal, vivemos cercados de artificialidades em todos os lugares, principalmente em ambientes urbanos.
Como todo bom sistema, somos influenciados por tudo ao nosso redor.
E esses ambientes nos fazem criar comportamentos que são justamente antagônicos à nossaforma natural.
Pensa comigo: o universo, a natureza, são incrivelmente belos. Não dá para mensurar início, fim, regras e controles de funcionamento.
A única lei que a natureza respeita é a inconstância, nada é permanente na natureza.
Picos e vales, gelo, água, vapor, chuvas, tempestades, tardes ensolaradas, folhas, árvores. Tudo é igual, mas não é, consegue reparar?
Não existe nenhuma folha igual à outra. Não existe chuva igual à outra. Não existem seres iguais.
Parece até um antagonismo escrever isso,  mas a única lei imutável da natureza é justamente aimpermanência.
O homem moderno, de valores ocidentais, se desconectou tanto da natureza que simplesmente não entende a lei imutável. As nossas mentes foram condicionadas a colocar tudo dentro da caixinha. Definir tudo.
Desde pequenos somos ensinados a buscar uma definição para nós: profissão, atitude, familia, hobbies, escolha sexual. E muito cuidado, uma vez que você escolhe, você não pode “desescolher”.
Nesse momento que escolhemos ser alguma coisa, a mente se fecha para possibilidades.
Se fecha para a beleza infinita que é o SER humano, para a conexão, emoção, a intuição interna.
Uma vez que escolhemos ser X, Y ou Z, nós já baixamos para o disco rígido da mente uma série deregras e comportamentos ditadas pela sociedade.
No momento em que vivemos as nossas vidas baseadas em “certezas”, em definições, em caixinhas que a mente constrói, nós nos desconectamos da nossa própria natureza, a natureza humana, perdemos a liberdade e a beleza de viver. 

//quais são suas certezas?

E foi exatamente essa a minha maior descoberta do retiro.
No 9o. Dia de retiro, aconteceu aquela “alguma coisa” que eu estava esperando. Algumas visões vieram que destruiram completamente as minhas “certezas”.

Eu = Certeza1 + Certeza2 + … + CertezaN   

cancela tudo e iguala a 0

Eu = 0

0 = Eu

Eu = ??????????

Nesse momento, a coisa pegou. Afinal, se as certezas que faziam “eu ser eu” não são certezas, o que sou eu?
Isso me fez questionar TUDO na minha vida: amigos, relacionamentos, família, trabalho, sentimentos, pensamentos….tudo mesmo!
A partir desse momento entrei na busca do EU de verdade, por trás de todas as construções e referências externas da sociedade.
É um processo doloroso, mas que vale cada segundo.
Afinal, são nos desertos da vida, nas depressões, que crescemos.

//voltando à MATRIX

E vou te contar, talvez o pior de toda essa experiência foi justamente ter nascido em uma cultura ocidental.
Voltando do retiro, não foi uma, nem duas pessoas que me aconselharam a ir procurar um psiquiatra.
É óbvio, se eu mal tinha vontade de sair de casa, a melhor solução seria procurar alguém que me cobrasse uma consulta de 400 reais e fizesse uma entrevista de 20 minutos para entender todo o meu histórico de vida, me conhecer, e assim, saber como tirar a minha dor.
É o correto a se fazer, não?
A solução nunca está dentro de nós, é sempre externa.
Ser feliz parece ser uma obrigação, as pessoas parecem não entender e só querem “estar felizes” o tempo todo, sem tirar proveito de seus momentos tristes, de reflexão.
Não podemos ficar tristes.
“Ai, to triste, deixa eu tomar um remedinho, por que eu não posso ficar assim, eu não posso ter dor de cabeça.”
Antidepressivos nessas horas só nos entorpecem e fecham a comunicação com as nossas almas, com a nossa intuição. E ai o crescimento se interrompe.
O caminho para a evolução é bloqueado.
Se eu tivesse nascido numa aldeia indígena, por exemplo, sabe qual seria o meu tratamento?

Eles me colocariam em uma oca, no escuro, e me dariam alimento até que esse sentimento passasse.
Mas aqui na matrix, no mundo “real”, a máquina não pode parar.
É mais fácil tomar um “comprimidinho”, não?
Afinal, no dia seguinte você tem que trabalhar, você tem que pagar as contas, você tem que fazer sua parte.
Mas sabe o que acontece quando nos entorpecemos e pegamos esse “atalho”?
Isso volta a aparecer. Mais crises depressivas, mais ansiedades. Doenças auto imunes, cancer.
A visão de mundo pode nos condicionar a isso.
Nós confundimos conforto com felicidade.


Achamos que o quentinho, as facilidades do mundo moderno são felicidade.
Eles não são outra coisa senão uma forma diferente de se entorpecer, segurar a onda.

//vivemos uma ilusão

Observando tudo isso, eu percebi que estava vivendo uma ilusão.
Percebi o quanto a minha mente constrói todo o modo como interajo com o mundo.
Vou te dar um exemplo simples:
Pensa comigo, nesse exato momento você está lendo palavras que digitei.
Essas palavras, por sua vez, já são uma interpretação do meu cérebro do que está se passando na minha mente, algo que quero expressar.
No momento em que transformei meus pensamentos em palavras, já não é exatamente o que está na minha mente.
É uma representação grosseira.
Por sua vez, na hora que você ler, a sua mente vai fazer a sua própria interpretação disso.Afinal, você é fruto de todo um universo diferente.
Sua visão de mundo tem outras lentes. O nosso amigo rinoceronte ilustra muito bem isso aqui:

Lembra da velha brincadeira do telefone sem fio? Pois é, isso está acontecendo o tempo inteiro, só não estamos conscientes.


Outro exemplo: lembra da imagem polêmica do vestido azul e preto ou branco e dourado?


O que aconteceu com essa imagem foi mais que uma polêmica, mas uma das poucas vezes que algo tornou-se popular o suficiente para mostrar a todos que nem todo mundo vê as coisas do mesmo jeito.
Mais: de forma pacífica, sem estar atrelado a futebol, religião ou política…..
Dessa forma, aprendemos como é difícil aceitar o outro, que viu o vestido da cor diferente da nossa.

//conclusão, o que aprendi com tudo isso?

Para fechar esse (longo) artigo, 4 conceitos:

#1 Facilidade ≠ Felicidade

Conforto não é felicidade. Tenho feito meu melhor para ajudar justamente a quem passou ou passa por uma experiência como a minha, ajudar a despertar as pessoas da ilusão do conforto. Abrir os olhos para a felicidade de verdade.
Não acredite que trabalhar e ganhar 1 milhão vai te fazer feliz.
Não acredite que um novo carro ou uma nova casa vão te fazer melhor.
Não acredite que, quando você ficar entediado, a melhor coisa é abrir as redes sociais e viver a vida dos outros.
Lembre-se, facilidade e felicidade são bem parecidas, mas não são a mesma coisa.

#2 Espiritualidade = Autoconhecimento

Espiritualidade é quase uma palavra mágica hoje em dia. Toda vez que se fala em espirito ou espiritualidade as pessoas ficam assustadas, já fogem.
Quero ajudar a quebrar esse “pré-conceito”.
Te fazer entender que espiritualidade nada mais é do que o auto conhecimento. É você acessar a sua essência.
Talvez eu não te convença hoje a cuidar do seu espírito, se auto conhecer.
Talvez não esteja na hora.
Talvez você tenha que passar por alguma experiência marcante como eu.
Eu não estou pedindo para você acreditar piamente no que falo. Mais do que isso: estou pedindo para você desconfiar, de verdade.
Não compre o que estou falando. Mas da mesma maneira, esuplico para que você faça isso com tudo ao seu redor.
Não acredite que você tem que ser isso, ou tem que ser aquilo.
Não admire outras pessoas mais do que você mesmo.
Acredite nos sentimentos.
Acredite em você.
Acredite no amor.
Sente-se mais em silêncio para saber quem é você de verdade.
Eu demorei anos para iniciar essa jornada, e quando voltei do retiro, precisei de mais 1 mês em profunda depressão para me reconstruir. E sendo realista, ainda estou me reconstruindo.
Para fechar: se você não acredita em espirito, espiritualidade, por que você acredita que você tem que trabalhar 12h por dia?
Pense nisso. Desconfie.

#3 Alegria X Tristeza

Para sentir felicidade de verdade, nós precisamos sentir a tristeza mais profunda.
Não tem jeito. Não existe direita sem esquerda, Yin sem Yang.
alegria não existe sem tristeza, e isso tudo faz parte da vida.
Não rejeite o sofrimento, a dor. Acesse-a e aprenda com ela.
Nesse último mês em profunda tristeza, eu aprendi mais sobre mim do que no último ano inteiro.
Ela é muito mais poderosa e sábia do que você imagina.
Se você gostar de filmes, assista Divertidamente, da Pixar. Eles ilustraram isso como ninguém.

#4 Meditação

Finalmente, quero também desmistificar a idéia de que meditação vai te fazer mais calmo, zen, tranquilo, isso e aquilo.
Algumas técnicas ajudam a reduzir stress e ansiedade, mas o que a meditação faz MESMO é nos empoderar com uma técnica que nos faz perceber mais claramente o nosso lado de luz e de sombra.
E é aí que existe a harmonia. O equilíbrio.
A arte abaixo ilustra muito bem isso. Por acaso ela se chama “Harmonia dos Dragões”, do Android Jones.
Como estão os seus dragões internos?

O sofrimento nasce das forças opostas atuando dentro de nós.
Quanto maior a contradição, maior o sofrimento.
Portanto, quanto melhor você enxergar isso, melhor você consegue dizer se suas decisões estão sendo tomadas por ódio ou por amor. Racionais ou emocionais.
E, aos poucos, com esse entendimento, o vazio do peito, que eu contei a você no começo, vai se transformando na força mais poderosa desse mundo.
A força que nos diferencia de qualquer outra matéria, ser inanimado, que nos faz viver, e sentir.
O amor.
É piegas, eu sei, mas a principal lição que tirei foi essa, e quero repassar a você:
Escute seu coração. 


Retirado do site:
https://www.hacklife.co/2016/08/03/10-dias-em-silencio/

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