quinta-feira, 9 de março de 2017

PARTE 1: O que é a mente e qual a diferença entre a ilusão e o estado iluminado do ser?


Oi gente,

Encontrei uma matéria num blog de Budismo que explica muito bem algumas questões que utilizamos frequentemente no nosso caminho espiritual e do auto conhecimento.

O QUE É A MENTE? 

Se procurarmos no Wikipédia encontraremos a seguinte definição:

Mente é o estado da consciência ou subconsciência que possibilita a expressão da natureza[1] humana. 'Mente' é um conceito bastante utilizado para descrever as funções superiores do cérebro humano relacionadas a cognição e comportamento[2]. Particularmente aquelas funções as quais fazem os seres humanos conscientes[3], tais como a interpretação, os desejos, o temperamento, a imaginação, a linguagem, os sentidos, embora estejam vinculadas as qualidades mais inconsciente como o pensamento, a razão, a memória, a intuição, a inteligência, o arquétipo, o sonho, o sentimentoego e superego...

mas será que realmente é dessa "MENTE" que estamos falando???

Bom, como o artigo que encontrei é grande  e para ABSORVEMOS DEFINITIVAMENTE alguns desses conceitos que são "peças chaves" para o nosso despertar, resolvi postar aqui no blog pequenos trechos desse artigo para podermos fazer um estudo e investigação profunda semanal, ok?

Sugiro que vocês pensem nisso que leram a semana toda, certo?...e se surgirem dúvidas, vamos comentar!!!

Boa leitura!!!

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Apesar de todos nós termos a sensação de possuir uma mente e de existir, nossa compreensão a respeito de nossa mente e de como existimos geralmente é vaga e confusa. Instantaneamente dizemos, “Eu tenho uma mente ou uma consciência”, “Eu sou”, “Eu existo”; nos identificamos com um “eu”, ao qual atribuímos qualidades, mas não conhecemos a natureza desta mente, nem deste “eu”. Não sabemos do que são feitos, como funcionam, “o que” ou “quem” realmente são.
O paradoxo fundamental
Ao procurar a mente, inicialmente o mais importante é reconhecer a natureza da mente ao questionar, no nível mais profundo, o que realmente somos. Aqueles que realmente examinaram suas mentes e refletiram sobre o que ela é são realmente raros, e para aqueles que tentam, a procura prova ser difícil. Ao buscarmos e observarmos o que nossa mente é, muitas vezes não a cercamos verdadeiramente; não chegamos realmente a uma compreensão sobre ela.
Sem dúvida, uma perspectiva científica pode oferecer muitas respostas para uma definição de “mente”, mas não é o tipo de conhecimento ao qual estamos nos referindo aqui. A questão básica é que não possível que a mente conheça a si mesma porque aquele que procura, o sujeito, a própria mente, e o objeto que ele procura examinar também é a mente. Há um paradoxo aqui: posso procurar por mim em todos os lugares, procurar por todo o mundo, sem nunca me encontrar, porque eu não sou o que procuro. O problema é o mesmo ao tentar enxergar o nosso próprio rosto: nossos olhos estão muito próximos do rosto, mas não podem ver muita coisa dele. Não reconhecemos a nossa mente simplesmente porque ela está muito próxima. Um provérbio do Dharma diz, “O olho não pode ver a sua própria pupila”. Igualmente, nossa própria mente não tem a capacidade de ver a si mesma; ela está próxima, tão íntima, que não podemos discerni-la.
Precisamos saber como mudar as perspectivas. Para enxergar nosso rosto, usamos um espelho. Para estudar nossa própria mente, precisamos de um método que funcione como um espelho, para permitir que reconheçamos a mente. Este método é o Dharma, que é transmitido apor um guia espiritual.
É na relação com este ensinamento e com este amigo, ou guia, que a mente será gradualmente capaz de despertar para a sua verdadeira natureza e de finalmente ir além do paradoxo inicial, realizando um outro tipo de conhecimento. Esta descoberta é efetuada através de várias práticas conhecidas como meditação.
Em busca da mente

A mente é uma coisa estranha. Os asiáticos tradicionalmente a situam no centro do corpo, no nível do coração. Os ocidentais entendem que a mente está localizada na cabeça, no cérebro. Apesar dos diferentes pontos de vistas serem justificados, estas designações são inadequadas. Basicamente, a mente não está mais no coração do que no cérebro. A mente habita o corpo, mas é apenas uma ilusão achar que a mente possa ser localizada neste ou naquele lugar. Essencialmente, não podemos dizer que a mente é encontrada em um lugar particular na pessoa, ou em qualquer outro lugar.
Buscar a mente não é fácil porque, além do paradoxo do conhecedor não poder conhecer a si mesmo, sua natureza essencial é indescritível. Não tem forma, nem cor ou qualquer característica que poderia permitir que concluíssemos, “É isso”.
Porém, cada um de nós desenvolve uma experiência da natureza de nossa mente ao nos perguntarmos o que o observador está fazendo: o observador, o conhecedor, o sujeito que experiência os pensamentos e as diferentes sensações. Onde exatamente ele pode se encontrado? O que ele é? É uma questão de observar nossa própria mente. Onde ele está? Quem sou eu? O que sou eu? O corpo e a mente são o mesmo ou são diferentes? Minhas experiências se desdobram dentro ou fora de minha mente? A mente e seus pensamentos são distintos ou são a mesma coisa? Se sim, como? Se não, como? A busca é levada na meditação, em conexão próxima com um guia qualificado que pode nos dizer o que está correto e o que está errado. O processo pode demorar muitos meses, ou até mesmo muitos anos.
À medida que esta busca se aprofunda, o mestre espiritual progressivamente nos direciona para a experiência da verdadeira natureza da mente. É difícil compreender e realizar porque não é algo que possa ser compreendido através de conceitos ou representações. O principal estudo da mente não pode se feito através da teoria; precisamos da experiência prática da meditação para penetrar em sua verdadeira natureza.
Na prática de meditação, há uma abordagem dupla: podemos dizer que há uma abordagem analítica e outra contemplativa. A primeira é feita de questões como aquelas que perguntamos anteriormente. Se levarmos este tipo de busca persistentemente, enquanto somos guiados competentemente, uma compreensão definitiva se desenvolve.
Na segunda abordagem, a mente simplesmente descansa em sua própria lucidez, sem forçar ou usar artifícios. Esta prática vai além de todas as formas anteriores de análise, ao nos fazer deixar a esfera dos conceitos e de nos abrir para uma experiência imediata. No final destas meditações, descobrimos a vacuidade essencial da mente. Isto é, a mente é vazia de determinações e características, tais como forma, cor ou aspecto, e sua natureza está além das representações,conceitos, nomes e formas. Para tentar invocar o reconhecimento da vacuidade, poderíamos compará-lo à “indeterminabilidade” do espaço: a mente é vazia como o espaço. Mas isto é apenas como imagem e, como veremos a mente não é apenas vazia.
Por enquanto, gostaria de enfatizar como é importante o conhecimento da mente, assim como os frutos deste conhecimento. A mente é o que somos. É ela que experiência a felicidade e o sofrimento. A mente é o que experiência diferentes pensamentos e sensações; é ela que está sujeita às emoções agradáveis e desagradáveis, é ela que experiência o desejo, a aversão etc. Uma compreensão real da natureza é libertadora porque nos desengaja de todas as ilusões, consequentemente, de toda fonte de sofrimentos, medos e dificuldades que constituem nossa vida diária.
Por exemplo, se tivermos a ilusão de que uma pessoa má é um ajudante, ele poderá nos enganar nos abusar e nos causar o mal; mas assim que o reconhecemos como sendo mal, não seremos mais ingênuos; ao desmascará-lo, podemos evitar cair como vítimas de seus maus atos.
Aqui, a pessoa má é a ignorância do que realmente somos, ou mais precisamente, a ilusão do ego, do eu. O conhecimento que desmascara isto é a consciência da natureza da mente; ela nos libera das ilusões e do conhecimento doloroso. Esta compreensão da mente é o fundamento do Buddhadharma e de todos os seus ensinamentos.
Iluminação e ilusão

A mente tem dois rostos, duas facetas, que são dois aspectos da realidade. Estes aspectos são a iluminação e a ilusão.
A iluminação é o estado da mente pura. É o conhecimento não-dualista, chamado de sabedoria primordial. Suas experiências são autênticas, isto é, elas são sem ilusão. A mente pura é livre e dotada de numerosas qualidades.
A ilusão é o estado da mente impura. Seu modo de conhecimento é dualista; é a consciência condicionada. Suas experiências estão maculadas pelas ilusões. A mente impura é condicionada e dotada de muito sofrimento.
Os seres comuns experiência este estado de mente impura e deludida como sendo o seu estado habitual. A mente pura, iluminada, é um estado no qual a mente realiza sua própria natureza, livre das condições habituais e do sofrimento associado a elas. Este é o estado iluminado do buddha.
Quando nossa mente está em seu estado impuro, iludido, somos seres comuns que se movem através dos diferentes reinos da consciência condicionada. As transmigrações da mente dentro destes reinos fazem seus giros indeterminados na existência condicionada, cíclica, ou ciclo de vidas — samsara em sânscrito.
Quando é purificada de toda ilusão samsárica, a mente não mais transmigra. Este é o estado iluminado de um buddha, é a experiência da pureza essencial de nossa própria mente, de nossa natureza búdica. Todos os seres, quaisquer que sejam, têm a natureza búdica. Esta é a razão pela qual todos podem realizar a natureza búdica. Como cada um de nós possui a natureza búdica, é possível atingir a iluminação. Se já não a tivéssemos, nunca poderíamos ser capazes de realizá-la.
Então, o estado comum e o estado iluminado são distinguidos apenas pela impureza ou pureza da mente, pela presença ou ausência de ilusões. Nossa mente presente já tem as qualidades do estado búdico; essas qualidades permanecem em nossa mente, elas são a natureza pura da mente. Infelizmente, nossas qualidades iluminadas são invisíveis para nós porque estão mascaradas por diferentes mortalhas, véus e outros tipos de mácula.
Buddha Shakyamuni disse, “A natureza búdica está presente em todos os seres, porém escondida por ilusões adventícias; quanto purificadas, eles são verdadeiramente o Buddha.”
A distância entre o estado comum e o estado iluminado é o que separa a ignorância do conhecimento desta natureza pura da mente. No estado comum, é desconhecida. No estado iluminado, é totalmente realizada. A situação na qual a mente é ignorante de seu estado real é o que chamamos de ignorância fundamental. Ao realizar sua profunda natureza, a mente é liberada desta ignorância, das ilusões e condicionamentos que a mente cria, e então entra no incondicionado estado iluminado, chamado de liberação.
Todo o Buddhadharma( ensinamentos do Buddha) e suas práticas envolvem a purificação, tirar as ilusões da mente, e proceder de um estado maculado para um imaculado, da ilusão para a iluminação.
(a segunda parte desse artigo será postada daqui uma semana, dia 16/03, vamos por partes e com calma para que tudo seja perfeitamente absrvido, ok?)

Beijos no coração

Namastê


Artigo retirado do blog:
https://budismopetropolis.wordpress.com/2015/07/21/o-que-e-a-mente/

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