terça-feira, 11 de abril de 2017

Superinteressante MEDITAÇÃO - APRENDA A MEDITAR









COLOQUE-SE EM UMA POSIÇÃO CONFORTÁVEL

Você não precisa ficar em posição de lótus. Pode se ajoelhar numa almofada, sentar em uma poltrona ou até mesmo deitar - o que for mais aconchegante. Mais importante do que a postura é montar um cenário que tenha poucas distrações. Se a posição de lótus provocar formigamento nas pernas ou dor na lombar, isso vai roubar o foco - e, portanto, não serve. Ficou confortável?



RESPIRE FUNDO E FECHE OS OLHOS


Todas as meditações começam com instruções semelhantes. Inspire e expire devagar, prestando atenção nos movimentos do peito e da barriga. Mas por que a respiração? Por que meditadores não usam pêndulos como os hipnotizadores? O vai e vem do peito se mostrou como o melhor método para desacelerar a mente porque esta sempre com você. Ou seja, você
pode se concentrar na respiração em qualquer hora e local. Se a meditação depender de um objeto, como um pêndulo, de que modo poderíamos praticá-la quando estamos longe dele?
Respirar tem outras vantagens. É invisível. Você percebe o movimento mesmo de olhos fechados. Assim, pode reduzir as distrações que vêm com a visão.
E, diferentemente das batidas do coração, que são 100% automáticas, a respiração é controlável. Você pode regular a velocidade do ar que entra e sai. Aos poucos, cadenciando a inspiração, o corpo relaxa.



MAS ESSE CONTROLE É FINITO: SUA MENTE VAI DEVANEAR


Aqui está o maior mito da meditação.
Apagar os pensamentos é impossível. "Relaxar, é claro que podemos. Mas esvaziar a mente? Não sei por quanto tempo você pode fazer isso", disse o monge francês Matthieu Ricard, em uma palestra no campus do Google em 2015. Entre uma respiração e outra, o pensamento foge, talvez para um lugar bem mundano, como a lista de compras do supermercado. Ou para algum problema no trabalho. Tudo normal e esperado.

Para o budismo, a mente é como um macaco doido. Ela não para: vive pulando de galho em galho (ou de pensamento em pensamento), e essa galeria infinita de desejos, sentimentos e frustrações nos deixa ansiosos, angustiados ou tristes. Buda passou 40 anos ensinando como evitar a dispersão mental, que está na base do sofrimento humano e das doenças. Ele defendia a meditação como um método para treinar o macaco.

No momento que você percebe que sua mente começou a voar, traga a de volta à respiração, de volta ao momento presente. Não julgue seus pensamentos, mesmo que sejam perversos, perturbadores ou ridículos, e não tente soterrá-los para que não voltem mais (um dos ensinamentos mais difíceis da meditação). É importante reconhecer as suas reflexões, mas deixe-as ir embora, como um passarinho que passa na paisagem.

Traga a mente de volta para a respiração e para as sensações do corpo.
A posição está confortável? Em que posição estão suas mãos? Que sons você está ouvindo? Perceba cada um. Isso é mindfulness, cuja tradução em português costuma ser "atenção plena", no aqui e agora. É uma técnica presente em muitas meditações budistas e hindus.



VOCÊ JÁ COMEÇOU A MEDITAR?

A partir de agora, encare a prática como um treinamento. Você precisa ter disciplina para manter a
regularidade e domar o macaco sempre que ele estiver inquieto. Seja gentil: na analogia budista, em vez de dar uma dura no animal, ofereça algo para ele comer. Ou seja, proponha um foco para a mente, como a respiração ou os sons ao redor ou o tato da sua mão sobre a perna. É tentador fechar o olho, relaxar e apenas observar a mente pulando de galho em galho. Mas isso não é meditação. Sempre que o macaco escapar, volte à respiração lentamente, sem julgamentos.



NO BUDISMO, A MENTE É VISTA COMO UM MACACO DOIDO, E A MEDITAÇÃO SERIA A FERRAMENTA MAIS EFICIÊNTE PARA DOMÁ-LO



SE PREFERIR, ENTOE UM MANTRA

Um mantra nada mais é do que um foco, como a respiração, para controlar a mente. Se inspirar e
expirar não é suficiente para você domar o macaco, procure algo que tenha um significado: pode ser uma prece, um verso, palavras em sânscrito que representem algo que você busca, um tema de reflexão, um desejo ou intenção. Na meditação da compaixão (leia mais na página 38), por exemplo, você direciona seu pensamento para uma pessoa ou um grupo e entoa uma frase que resuma o que você deseja que eles se recuperem de alguma doença, problema ou infortúnio. No mantra, você tem a tarefa de repetir várias vezes as mesmas palavras e isso faz sua mente concentrar as energias em uma só direção, num único foco.
Um dos gurus da meditação, Osho (leia mais na página 54) indicava entoar mantras em voz alta para chamar a atenção da mente na base do grito mesmo. Outra opção é usar sons ou as sensações corporais como foco - nesse caso é ideal meditar com orientação de um aplicativo ou instrutor para que você não se perca em devaneios.


MANTENHA A ATENÇÃO PLENA NO PRESENTE

Meditar é situar-se no aqui e agora.
A respiração, os mantras, os sons ou as sensações corporais são apenas um artifício para você ficar com sua mente o maior tempo possível no único tempo que existe, o presente. Quando ela voar para as preocupações do futuro ou voltar às ruminações do passado, volte ao foco
escolhido e ao presente. A ideia é que, com a prática e a experiência, você tenha consciência plena no que está acontecendo no momento. Esse é um dos objetivos das práticas meditativas budistas: incorporar seus princípios, como foco e calma, no cotidiano para que você assuma as rédeas da sua mente e não seja mais escravo das elucubrações. Até mesmo diante de uma tarefa banal, como uma pia cheia de louça suja. "As tarefas domésticas são as que mais exigem isso. Quando a gente vê a louça suja, sente um impacto imediato. Mas, em vez de lutar contra
ela ou ignorar, você começa a enfrentar a tarefa prato por prato, sem se apavorar" , ensina o Lama Padma Samten, diretor do Centro de Estudos Budistas Bodisatva, em Viamão, região metropolitana de Porto Alegre. No zen-budísmo, existe uma máxima: "Quando você lava' lava; quando seca, seca; quando varre, varre. "Fique no presente o máximo que você puder, mesmo diante de tarefas repetitivas e tediosas.



MEDITE DE NOVO E DE NOVO

Mantenha uma certa regularidade. Lembre-se de que a meditação é um treino que exige esforço e persistência. Com a prática, vá aumentando o tempo e variando os tipos para ir treinando a mente de diferentes formas. Recorra a grupos de meditação ou a instrutores capacitados para facilitar a incorporação do hábito na rotina. Sem auxílio, talvez você caia no sono ou se perca em devaneios.
É indicado também estabelecer metas para levar o treinamento a sério.














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