sexta-feira, 30 de novembro de 2018

4ª Parte - P&R Amor x Egoísmo




Continuo sem imaginar bem como funciona essa relação entre amor e egoísmo na própria natureza do ser humano. Como pode acontecer que possamos ser capazes de amar e de ser egoístas ao mesmo tempo? Não me poderias esclarecer este ponto?

Sim, claro. Imagina que o ser humano é como uma cebola, em cujo coração está o espírito que irradia a luz, que é o amor. Este centro emissor de luz encontra-se recoberto por múltiplas camadas, de maneira que cada uma destas camadas obstrui um pouco a passagem da luz, até que a soma de todas as camadas juntas impede quase totalmente que a luz saia para o exterior. Cada uma dessas camadas representa uma manifestação do egoísmo que há que ir eliminando progressivamente para que, finalmente, a luz, o amor, brilhe, se manifeste em toda a sua grandeza. À medida que vamos eliminando camadas, a luz (o amor) do interior, encontra menos obstáculos para sair para o exterior. As camadas mais externas correspondem ao egoísmo mais primitivo e superficial. São as camadas correspondentes à vaidade. As camadas intermédias corresponderiam ao orgulho e as mais internas à soberba.
Cada pessoa encontra-se num ponto distinto deste processo. A maioria dos espíritos que habitam a Terra apenas se conseguiu desfazer de algumas das primeiras camadas. Outros conseguiram eliminar também algumas das camadas intermédias e uns poucos estão em processo de eliminação das camadas mais profundas do egoísmo. Embora este processo seja progressivo e haja espíritos em todos os graus, podemos tentar classificar os espíritos em três grandes grupos, segundo o nível de eliminação de camadas em que estão: Espírito amável-vaidoso, generoso-orgulhoso e amoroso-soberbo.


Porque os qualificas com dois adjetivos, um positivo e outro negativo?

Porque não quero que na classificação apenas se manifeste a parte egoísta do espírito, mas também reconhecer as qualidades que o espírito pode desenvolver em cada etapa. O primeiro adjetivo expressa a qualidade representativa a que pode chegar o espírito quando se esforça por desenvolver o amor e o segundo, o grau de egoísmo em que se encontra. O vaidoso pode ser muito amável, o orgulhoso muito generoso e o soberbo muito amoroso quando está disposto a vencer o seu egoísmo e a lutar pelos sentimentos. Mas, não há nada de negativo em admitir a existência do egoísmo em cada um de nós e delimitá-lo com clareza, para o conhecer e poder superá-lo. O negativo para o espírito seria não querer reconhecer a sua existência, não admitir a realidade de que todos temos uma parte egoísta que devemos eliminar para poder amar verdadeiramente e ser autenticamente felizes. Não o reconhecer conduz à estagnação espiritual, porque não se pode superar aquilo que não se admite, de igual modo que não se pode desintoxicar um alcoólico que não admite que o é.

Poderias expor com mais detalhe as características de cada uma dessas três manifestações do egoísmo, a que chamaste vaidade, orgulho e soberba?

Sim. Podemos distinguir, pelo menos, três formas de egoísmo que são, desde a mais grosseira até à mais subtil, vaidade, orgulho e soberba. Na conversa do dia-a-dia utilizamos estas três palavras frequentemente, mas, como veremos, o seu significado espiritual é muito mais extenso e profundo e difere em muitos aspectos do significado com que correntemente as empregamos. Começaremos por defini-las uma a uma e analisá-las nas suas manifestações.


Que é a vaidade e quais são as suas manifestações?

A vaidade é a forma mais primitiva de egoísmo. É própria dos espíritos mais jovens, dos espíritos que apesar de terem avançado bastante na sua inteligência, ainda são principiantes no conhecimento dos sentimentos.
A principal característica do vaidoso é que está muito inclinado para si próprio, sobretudo em satisfazer as suas necessidades e desejos mais primitivos e escassa ou nulamente preocupado com as necessidades dos outros seres, excedendo-se no exercício do seu livre arbítrio, sem tomar consciência de que, em muitas ocasiões, invade o livre arbítrio dos outros. A pessoa vaidosa pretende ser o centro, que os outros reparem nela. Por conhecer escassamente o amor, não distingue bem entre o amor verdadeiro e o prazer. Necessita e deseja mais do que ama. Por isso, nas suas relações, inclina-se mais a procurar a fama, a admiração, o louvor, estar deleitada e satisfeita nos seus desejos, do que a ser amada e amar.
O vaidoso estabelece comparações contínuas entre si mesmo e os outros, tentado sempre aparecer acima de eles. Frequentemente, engana e difama os que julga por baixo dele em aptidões ou em condições materiais e gaba, excessivamente, os que julga poder utilizar para obter algo para si mesmo. Costuma agir injustamente, favorecendo sempre os seus interesses. Por isso, frequentemente, falseia a realidade para disfarçar os seus actos egoístas. Amiúde sente-se insatisfeito consigo mesmo devido ao pouco sentimento que coloca e, por isso, foge pavorosamente da solidão. Necessita muito de outras pessoas, as quais costuma tentar atrair a si e manipular para satisfazer, não só as suas necessidades, mas também os seus prazeres e os seus caprichos, até ao ponto de escravizar física ou psicologicamente as pessoas que estão à sua volta. Mas também se cansa rapidamente das relações se estas não lhe trazem a satisfação esperada. Por isso, são pessoas que esgotam e manipulam frequentemente os membros da sua família mais indefesos, como o par ou os filhos e, nas relações laborais, os seus subordinados, por considerar que são pessoas da sua propriedade ou que não podem escapar à sua influência. Quando não recebem a atenção que julgam merecer, procuram chamar a atenção dos outros de qualquer forma e a qualquer preço, fazendo-se de vítimas e usando da agressividade, da chantagem, da mentira ou de qualquer outra forma de manipulação que encontrem.
Devido à vibração tão negativa e asfixiante que podem gerar quando o seu defeito se manifesta em toda a sua plenitude, acabam por extenuar às pessoas à sua volta, pelo que, se não conhecerem a vaidade e saberem como lidar com ela, poucas são as pessoas capazes de as aguentar durante muito tempo. Esta é a razão pela qual têm muitos conhecidos e poucos amigos. Cansam-se facilmente do que exige esforço e procuram que outras pessoas assumam as suas responsabilidades, apesar de se gabarem constantemente do muito que eles fazem e do pouco que fazem os outros. Quando fazem alguma coisa por alguém, raramente é de forma desinteressada e discreta, mas sempre com exibição, procurando uma compensação em troca disso que, geralmente, costuma ser maior que o gesto que eles tiveram com os outros. Um vaidoso não pretende ser boa pessoa, mas apenas parecê-lo.

Ufa! Pois, espero que não haja muita gente assim!

Pois, três quartas partes da humanidade ainda se encontram nesta fase inicial de evolução e a vaidade é o defeito predominante na classe política do vosso mundo. Ainda que, seguramente, não haja ninguém que assuma identificar-se com o que acabo de dizer, porque admiti-lo, seria já sinal de que a pessoa se encontra numa etapa mais avançada. É por isso que vosso planeta está como está.
Pois, viver com pessoas assim egoístas deve ser um suplício!
Por acaso, tu julgas que estás livre do egoísmo, manifeste-se ele desta forma ou de outra mais subtil? É uma afirmação, a que fazes, em que brilha o teu próprio egoísmo, manifestado na forma de incompreensão em relação aos teus irmãos, que te serve para justificares o desejo de te afastares deles por não serem mais evoluídos. Esta etapa da vaidade, de igual modo que as seguintes, do orgulho e da soberba, são etapas pelas quais todos, absolutamente todos, os espíritos, têm de passar no seu caminho de aperfeiçoamento. E quem as superou é porque em determinado momento tomou consciência do seu defeito e trabalhou para o superar e tê-lo-á conseguido com a ajuda do exemplo de pessoas mais avançadas com as quais aprendeu. Se os espíritos mais avançados, quando alcançam o seu avanço, se desinteressassem dos seus irmãos menos avançados, que espécie de amor estariam a praticar? O facto de o ter descrito assim de forma tão direta pode parecer muito cruel. Mas não o faço com a intenção de que seja utilizado para discriminar ou marginalizar alguém, é apenas para que tomeis consciência desta manifestação do egoísmo e que empregueis esse conhecimento para vosso aperfeiçoamento.

Ver Mais:

3ª Parte - https://vivisawaking.blogspot.com/2018/11/3-parte-perguntas-e-respostas-sobre-o.html

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